Em 30 minutos de debate, houve apenas três momentos em que os candidatos — Vitorino Silva e Tiago Mayan Gonçalves — interagiram um contra o outro. Um foi logo na abertura, quando Mayan perguntou se podia tratar Vitorino por “Tino”. Autorização concedida e só voltaram a reparar um no outro mais duas vezes: no tema da TAP, quando o candidato da IL sublinhou as diferenças para o adversário; e no fim do debate  quando Tino de Rans disse que era ignorado pelas sondagens que, há cinco anos, se enganaram redondamente. “Isso também me dá esperança”, disse Tiago Mayan Gonçalves.

E foi só. Tudo o resto foi uma entrevista alternada entre os dois candidatos, que discordaram na TAP mas até convergiram nos perigos de um novo confinamento e na participação dos privados na saúde. “Para o país fechar têm de fechar os políticos. Se o povo for para casa eu também vou para casa”, começou por dizer Vitorino Silva, depois Tiago Mayan Gonçalves ter defendido que o país não aguentava “um novo confinamento generalizado”.

Questionado sobre saúde, Mayan Gonçalves tomou a dianteira para defender a sua visão liberal. Disse que não tinha qualquer preconceito em relação ao SNS mas que o Governo cometeu um erro ao abdicar do apoio dos privados para combater a pandeia, e agora está a apagar a fatura. “Na generalidade dos países, o excesso de mortalidade não-covid não aconteceu”, disse Mayan.

Tino não discordou exatamente — “até é a favor da ligação entre o setor público e privado” — mas diz é que essa ligação devia ter acontecido logo no início, para não ficar a dúvida: “E se?”. Quanto à TAP, desacordo: Mayan não quer “nem mais um euro de dinheiro público na TAP”, não quer ser “acionista da TAP”, até porque a TAP em 20 anos só teve lucro em dois. E aí, Mayan notou que discordava de Tino, que “preferia a TAP pública, mas com bons gestores”. Vitorino Silva e Mayan Gonçalves terminaram o debate a sorrir. Afinal, não foi bem um debate.

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