A China vive um dos períodos mais complicados no que diz respeito ao cumprimento de direitos humanos, de acordo com o relatório anual Human Rights Watch (HRW). Perseguições étnicas, a repressão existente em Hong Kong, a situação do Tibete e as tentativas de esconder o surto de Covid-19 levaram a ONG a afirmar que o regime de Xi Jinping tem sido dos mais brutais dos últimos tempos.
“Desde que Xi Jinping chegou ao poder tudo piorou. Tibete, Xinjiang, Hong Kong… Pequim está a ser extremamente dura contra todos aqueles que não sejam leais à política do Partido Comunista Chinês”, revelou Thubten Wangchen, monge budista. A ONG chega mesmo a dizer que desde o massacre de Tiananmen de 1989, em que milhares de estudantes morreram no meio de uma manifestação por mais liberdade política, o país não vivia uma época tão repressiva em termos de direitos humanos.
A situação da Covid-19 e o que aconteceu aos primeiros jornalistas que tentaram relatar o sucedido foi duramente criticado por parte da ONG: “O governo autoritário chinês atingiu um dos seus maiores expoentes enquanto lutava com o surto do novo coronavírus reportado pela primeira vez em Wuhan”. Além disso, salienta-se que o regime tentou calar os denunciantes, como a jornalista Zhang Zhan, que foi condenada a quatro anos de prisão por ter denunciado a situação da doença na região.
Também as repressões a minorias muçulmanas foi um dos destaques negativos apontados pela HRW. Segundo o relatório citado na imprensa internacional, a China construiu campos de reeducação para a minoria muçulmana da região de Xinjiang, para além de ter procedido à destruição de mesquistas. “Em Xinjiang, os muçulmanos continuam a ser detidos arbitrariamente […] enquanto outros são submetidos à vigilância massiva”, lê-se no relatório.
De acordo com o Yaqiu Wang (investigador da HRW), “o partido está a tornar-se mais intolerante com qualquer tipo de atividade independente do partido”. Outro exemplo aconteceu na Mongólia Interior — as instituições educativas chinesas obrigaram ao ensino nas escolas do mandarim, em vez da língua falada na região, o mongol.
Em relação à situação do Tibete, uma região com algumas fações que desejam a independência da China, a ONG considera que a China tem restringido a “liberdade de religião, de expressão, de movimento e de reunião”, para além de ter “apropriado terras” pela via da “intimidação” e do “uso ilegal da força”. Hong Kong também não passou despercebido no relatório anual da ONG, que denuncia a lei da segurança nacional na região.
Desde 2012 que Xi Jinping é secretário-geral do Partido Comunista Chinês e é Presidente do país desde 2013.