Os gritos invadiram o Mosteiro de Santa Cruz, bem na baixa de Coimbra, sem que nada o fizesse prever. O pároco seguia imperturbável com a missa, mas era impossível ignorar o barulho que vinha do exterior. Cerca de cem manifestantes gritavam: “Não André Ventura, não à ditadura / Chegou a vossa hora / Os imigrantes ficam e vocês vão embora”.

Depois do esqueleto em Serpa, a caravana do líder do Chega tinha sido surpreendida pela segunda vez nesta campanha. A visita ao Mosteiro de Santa Cruz e ao túmulo de D. Afonso Henriques fora comunicada aos jornalistas já bem perto da uma da tarde pelo que era pouco provável que houvesse tempo para organizar manifestações — que têm de ser autorizadas pelas autoridades competentes — anti-Ventura. Perto das 18 horas, a poucos minutos de o candidato chegar, não se via um único manifestante na baixa de Coimbra.

Entre uma e outra troca de ideias informal, um dos membros da comitiva restrita de Ventura interrompia a conversa com o Observador para gravar um vídeo da Praça 8 de Maio praticamente deserta e enviar para a equipa de segurança que acompanha o candidato. Prova provada de que o caminho estava livre, pensavam eles. Não estava. Mas o líder do Chega não sabia.

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