O setor da beleza e cosmética defendeu esta quinta-feira que o confinamento abranja todas as áreas exceto as “estritamente essenciais”, para que o “esforço económico” exigido à atividade não seja em vão e a reabertura aconteça o quanto antes.

“As regras têm de ser iguais para todos os setores de atividade, de forma que o esforço económico que é pedido aos empresários e trabalhadores deste setor se possa traduzir num efetivo controle da pandemia e para que a reabertura, com toda a segurança e num curto espaço de tempo, seja uma realidade”, sustentam as entidades representativas do setor da beleza profissional.

Em comunicado, as cinco associações, o clube e o centro artístico que representam o setor consideram que o atual modelo de confinamento “é seletivo e ineficaz”, defendendo um “confinamento total” e reclamando estar entre os primeiros a reabrir quando se iniciar o desconfinamento.

“Se é necessário encerrar por duas a três semanas para poder regressar o quanto antes, então encerremos todos”, defende o presidente da Associação Portuguesa de Barbearias, Cabeleireiros e Institutos de Beleza (APBCIB), citado no comunicado.

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Embora “consciente das dificuldades que o setor atravessa e preocupado com a situação difícil dos profissionais” que o integram, Miguel Garcia entende que, “nesta fase, a prioridade é reduzir o impacto da pandemia do novo coronavírus no país o mais rapidamente possível”, para que o setor possa “retomar a atividade o quanto antes”.

Mas reitera: “Face à realidade que o país atravessa e à situação do sistema de saúde nacional, só podemos aceitar uma situação de confinamento total semelhante ao de março do ano passado, para podermos apoiar os profissionais de saúde que estão na primeira linha e fazer baixar os números da pandemia”.

Neste contexto, o setor exige do Governo “as medidas necessárias e os apoios económicos adequados”, devendo estes ser “atempadamente pagos para, assim, se salvarem empresas e empregos”.

No comunicado, as associações e clubes reclamam ainda que a atividade seja das primeiras a reabrir quando for possível aliviar as medidas restritivas, recordando que, “no confinamento anterior, ficou comprovada a relevância deste setor e dos seus serviços para a higiene, saúde, autoestima e bem-estar dos portugueses”.

“Acresce que o setor dos cuidados pessoais é dos mais bem preparados, com regras de segurança impostas para o seu funcionamento, para evitar a propagação da pandemia. Nos últimos meses, as associações lançaram a iniciativa ‘O Seu Espaço Seguro’ reforçando a garantia de cumprimento das medidas de segurança e de higiene para a contenção da Covid-19, implementadas na reabertura dos estabelecimentos dos cuidados pessoais no início de maio”, salientam.

Estas medidas incluem, entre outras, a imposição de um número limitado de pessoas dentro de um estabelecimento, o acesso aos serviços apenas por marcação, a higienização regular do espaço comercial, a obrigatoriedade de utilização de máscaras, a desinfeção e lavagem frequente das mãos pelos profissionais e clientes, a desinfeção e esterilização dos utensílios profissionais e a utilização de descartáveis e/ou esterilização dos materiais não descartáveis que são de utilização única.

De acordo com Miguel Garcia, “as medidas propostas e em cumprimento são as necessárias e adequadas a manter a atividade em segurança e não há indicadores de redes de contágio nos estabelecimentos de cuidados pessoais, o que comprova que são espaços seguros”.

“Por estas razões — salienta – esperamos que, depois do confinamento, os espaços de beleza sejam dos primeiros a reabrir, tal como aconteceu no primeiro confinamento”.

O comunicado esta quinta-feira divulgado é subscrito pelas associações Portuguesa de Barbeiros, Cabeleireiros e Institutos de Beleza (APBCIB), de Cabeleireiros de Portugal (ACP), Portuguesa de Cabeleireiros e Estética de Braga, Nacional do Corpo e do Cabelo e Nacional de Esteticismo Profissional (ANEP), assim como pelo Centro Artístico e Cultural dos Cabeleireiros de Portugal e pelo Clube Artístico dos Cabeleireiros de Portugal.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.075.698 mortos resultantes de mais de 96,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal morreram 9.686 pessoas dos 595.149 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.