O teto pintado em madeira da Basílica Real de Castro Verde (Beja), que inclui uma pintura do século XVIII, vai ser restaurado, num investimento de 310 mil euros, com 85% de financiamento comunitário.

A intervenção é promovida pela Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Castro Verde e pretende salvaguardar “o valor patrimonial e artístico deste teto, o mais trabalhado a nível de pintura e de arte de toda a extensão da Diocese de Beja”, explicou esta sexta-feira à agência Lusa o padre Luís Fernandes.

De acordo com o pároco do concelho de Castro Verde, esta é uma intervenção “basilar”, depois dos trabalhos de limpeza do telhado realizados e inaugurados em dezembro de 2019.

“Vamos voltar a devolver à Basílica Real o teto que lhe foi dado no século XVIII” e “que nós nunca vislumbrámos da melhor maneira, visto estar tão danificado”, acrescentou.

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O teto pintado em madeira ilustra “o milagre da Batalha de Ourique”, onde “Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques com a promessa de que, a partir dos Campos de Ourique, ia formar uma nova nação, que depois iria levar pelo mundo fora a palavra de Deus”.

“É uma grande marca do nosso Alentejo, mas também nacional. Se em Guimarães nasceu Portugal, nos Campos de Ourique consolidou-se Portugal. Este teto é a grande prova disso”, observou o padre Luís Fernandes.

O concurso público para a elaboração do projeto e execução da empreitada de conservação e restauro do teto pintado em madeira da nave da Basílica Real foi publicado em Diário da República, na passada semana, com um valor base de 310 mil euros.

Segundo o programa do concurso, consultado pela Lusa, a obra tem um prazo de execução previsto de 12 meses, mas o pároco admitiu que se deverá prolongar no tempo, atendendo ao “trabalho muito minucioso” que exige e à “atual situação de pandemia”.

A empreitada, que resulta de uma parceria entre a Paróquia, a Câmara de Castro Verde e a Direção Regional de Cultura do Alentejo, será comparticipada em 85% por fundos comunitários, através do programa operacional regional Alentejo 2020.

Os restantes 15% do valor da empreitada, referentes à comparticipação nacional, serão assumidos pela empresa Somincor, que tem a concessão das minas de Neves-Corvo, ao abrigo da Lei do Mecenato.

Este restauro constitui a 2.ª fase das obras de requalificação da Basílica Real de Castro Verde, cuja primeira fase decorreu em 2019 e contemplou a limpeza manual do telhado, arranjo de portas e janelas, e pintura total do edifício.

O investimento foi superior a 65 mil euros, comparticipado pela câmara, União de Freguesias de Castro Verde e Casével e pelo programa BEM – Beneficiação de Equipamentos Municipais, criado pelo Governo.

Também já está concluída a 3.ª fase das obras, que consistiu na recuperação do coro alto e do nártex da igreja, num investimento superior a 50 mil euros.

O padre Luís Fernandes disse esperar que as obras na Basílica Real não se fiquem por aqui, estimando que, no decurso do restauro do teto pintado em madeira, se possa aproveitar a estrutura em andaimes no local para, em simultâneo, restaurar a sanca e as paredes laterais (tímpanos/ meias luas), com um custo “na ordem dos 80 mil euros”.

Para o futuro, o pároco apontou a necessidade de mais intervenções, nomeadamente nos azulejos alusivos à Batalha de Ourique existentes nas paredes da Basílica, assim como na capela-mor, nas talhas, nos altares laterais, nos púlpitos e nas balaustradas.