Uma secção de voto da União de Freguesias de Barreiro e Lavradio, no concelho do Barreiro, encerrou este domingo entre as 13h e as 14h para a hora de almoço, uma situação que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) considerou “absolutamente ilegal”.

A notícia foi publicada na noite deste domingo pela Rádio Renascença, que ouviu uma eleitora que se preparava para aproveitar a hora do almoço para votar na mesa de voto número 6 daquela freguesia quando se deparou com o episódio insólito.

A eleitora em questão — Ângela Guerreiro, uma advogada de 35 anos — disse àquela rádio que se encontrava na fila para votar quando deu conta de um conjunto de cartazes afixados nas imediações da assembleia de voto anunciando o encerramento para almoço entre as 13h e as 14h.

Às 13h, encontravam-se cinco pessoas na fila daquela mesa de voto e um funcionário da freguesia indicou-lhes que as três primeiras poderiam votar; as outras teriam de regressar depois das duas da tarde. “A razão era terem menos pessoas e necessitarem de encerrar na hora de almoço”, disse a eleitora à Renascença.

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Quando Ângela Guerreiro e outro eleitor impedido de votar protestaram contra a decisão, o presidente da mesa insistiu na interrupção. “Tínhamos de voltar depois das 14h”, lembrou à rádio.

Também à Renascença, o porta-voz da CNE, João Tiago Machado, disse que o organismo responsável pela organização das eleições não teve conhecimento do episódio e classificou-o como “absolutamente ilegal.

“Os membros de mesa deverão prestar os devidos esclarecimentos para perceber o que se terá passado”, disse o responsável. De acordo com a lei eleitoral, as urnas têm de estar a funcionar entre as 8h e as 19h de modo ininterrupto.

Já o presidente da câmara municipal do Barreiro, Frederico Rosa, argumentou à Renascença que a CNE tinha conhecimento da situação, que surgiu como resposta para solucionar a falta de elementos para assegurar o controlo das mesas de voto — que não podem funcionar com menos de três elementos. Caso não haja elementos, disse o autarca, os trabalhos poderiam ser interrompidos “pelo período estritamente necessário para as pessoas efetuarem a refeição”.

Terá sido isso que aconteceu: havia muitos inscritos para trabalharem nas assembleias de voto, mas “por causa do confinamento” foram impedidas de sair de casa e colaborar no processo eleitoral.