O candidato presidencial Vitorino Silva não conseguiu este domingo o objetivo de ter “mais um voto” do que em 2016, tendo até perdido a liderança na freguesia de onde é natural, depois de uma ‘telecampanha’ adaptada à pandemia.

O calceteiro de Penafiel, mais conhecido por ‘Tino de Rans’, ficou no domingo no fim da lista na corrida a Belém, tendo obtido 2,94%, 122 mil votos, menos 30 mil do que há cinco anos.

Nas presidenciais de 2016, o candidato natural de Rans conseguiu ficar em sexto lugar nas intenções de voto, com 3,28%, o equivalente a 152.094 votos — logo atrás do candidato apoiado pelo PCP, Edgar Silva, e a menos de 1% de distância da candidata socialista Maria de Belém.

Na noite do dia 24, depois das primeiras projeções, Vitorino Silva mostrava-se esperançoso e otimista, confessando que o seu objetivo era apenas ter “mais um voto” do que em 2016, com as sondagens a apontarem valores máximos superiores aos das últimas presidenciais. Mas neste sufrágio, cinco anos mais tarde, esse objetivo não foi cumprido.

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Para além de não ter angariado nem mais um boletim, o candidato presidencial perdeu a ‘liderança’ da freguesia da Rans, terra de onde é natural e que lhe deu a alcunha pela qual é conhecido, para o reeleito Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna, Marcelo Rebelo de Sousa angariou em Rans 44,25% (correspondente a 389 votos) e Vitorino Silva 41,98% (correspondente a 369 votos), depois de em 2016 ter arrecadado 60,93%.

Sobre este resultado, o candidato a Belém apontou que “há cinco anos” concorreu contra o candidato Marcelo e que desta vez concorreu “contra o Presidente da República”, concluindo que “a luta é desigual”.

Apesar de ter ficado em último lugar na classificação nacional, foi nos concelhos a norte do país que o candidato conseguiu subir algumas posições, tendo ficado em quarto lugar em distritos como Viseu, Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança.

Vitorino Silva, que se candidatou pela segunda vez a Belém nestas eleições, começou por querer fazer uma campanha “porta a porta” e junto “do povo”, de quem se reclama principal representante, mas terminou a campanha confinado à sua terra natal.

De sua casa, em Penafiel, ‘Tino de Rans’ comunicou com estudantes, representantes de associações, empresários, emigrantes, entre outros, num conjunto de sessões ‘zoom’ nas quais investiu por achar que teria que cumprir o confinamento decretado pelo Governo no contexto da pandemia da covid-19 e em sinal de protesto contra “as mordomias dos políticos”.

O candidato que ‘correu’ a Belém munido de alegorias e metáforas, disse sobre a abstenção que o povo deu uma “lambada de luva branca” para quem esperava níveis perto dos 75%, lamentando as dificuldades de votar dos emigrantes e de alguns idosos.

Sempre crítico da classe política ao longo da campanha e tendo até chegado a pedir o adiamento das eleições, no fim da corrida Vitorino Silva mostrou-se ainda assim “orgulhoso” por ter feito “uma campanha limpinha”, “sem padrinhos, sem pai, apenas com apoio de amigos” provando, segundo o próprio, que “é possível qualquer português ser candidato” e deixando um apelo: “não tenham medo”.

Marcelo Rebelo de Sousa foi no domingo reeleito Presidente da República, com mais de 60% dos votos.

Para a décima eleição do Presidente da República, desde a instauração da democracia em 25 de Abril de 1974, estavam inscritos 10.865.010 eleitores, mais 1.208.536 do que no sufrágio anterior, em 2016.

Foram sete os candidatos ao Palácio de Belém: Além do atual Presidente e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e CDS-PP, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e antiga eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre).