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Partidos contra vacinação geral a deputados. Eleitos recusam vacinação transversal e abdicam de vacina

Este artigo tem mais de 3 anos

Deputados, autarcas e magistrados do MP são vacinados partir da próxima semana, mas há quem não queira ser incluido nesta fase, quando ainda há profissionais de saúde e população idosa por vacinar.

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Rui Oliveira/Observador

Rui Oliveira/Observador

A decisão de priorizar a vacinação a todos os deputados não está a reunir consenso entre os vários partidos com assento parlamentar. Têm-se multiplicado os parlamentares a afirmar publicamente que dispensam a sua vacina a quem esteja “na linha da frente” e os partidos emitem posições oficiais a notar o “exagero” da decisão tomada pelo Governo. Rui Rio aponta que o Governo errou em primeiro lugar “ao não incluir os principais decisores políticos nas prioridades de vacinação”, mas diz que o erro agora é a correção “por via do exagero”. Ainda na direita, Chega e Iniciativa Liberal são contra e os deputados únicos pretendem abdicar da vacina. Já à esquerda, o PCP fala numa “generalização que se afigura excessiva”, o PEV diz que ainda “está a analisar” e o Bloco de Esquerda diz que deputados “devem ser vacinados em função dos critérios demográficos e de saúde forem estabelecidos para a população”. PAN também está contra vacinação transversal de deputados e quer Assembleia da República em “serviços mínimos” como aconteceu no primeiro confinamento.

Líderes partidários rejeitam prioridade e cedem vacina a idosos ou profissionais de saúde que ainda não tenham sido vacinados

Na direita, os líderes do CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega já afirmaram publicamente o desacordo com a prioridade a atribuir aos políticos e que os colocará à frente de, por exemplo, idosos.

Francisco Rodrigues dos Santos, líder centrista, considerou que dar prioridade a “todos os titulares de órgãos de soberania é um péssimo exemplo ao país e um insulto aos que mais sofrem com esta pandemia”. Rodrigues dos Santos diz que é “indefensável” colocar todos esses políticos à frente de, por exemplo, “utentes dos lares, profissionais de saúde e outros grupos de risco” que ainda aguardam pela sua vez para serem vacinados.

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O líder do CDS recorda ainda a intenção que tem, caso seja considerado prioritário, de “ceder a vacina a um idoso” e a defesa que tem feito da revisão do plano de vacinação para que todos os idosos acima dos 80 anos sejam incluídos “na primeira fase do plano”.

Publicação do líder do CDS-PP no Facebook

Da mesma opinião é também o deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, que escreveu esta terça-feira ao presidente da Assembleia da República para informar que não pretende “ser incluído em qualquer grupo prioritário” de acesso à vacinação contra a Covid-19.

Numa mensagem enviada a Eduardo Ferro Rodrigues, e a que a agência Lusa teve acesso, João Cotrim Figueiredo refere que tomou conhecimento pela comunicação social de que “o Governo teria enviado um despacho à Presidência da Assembleia da República para que esta indicasse as pessoas que, nesta Assembleia, deveriam ser prioritárias no acesso à vacinação contra o vírus SARS-Cov-2”.

Se esta informação estiver correta, venho informar V.Exa. de que não pretendo ser incluído em qualquer grupo prioritário e de que, desde, já cedo a vacina que me pudesse vir a ser reservada a um profissional de saúde do setor social, privado ou público que não tenha ainda sido vacinado”, refere.
De acordo com um despacho, emitido na segunda-feira pelo primeiro-ministro e a que o Diário de Notícias (DN) teve acesso, os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das Regiões Autónomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.

André Ventura, líder do Chega, já o tinha dito ainda durante a campanha presidencial. Durante o comício de encerramento de campanha, Ventura prometeu que será o último português a vacinar-se contra a Covid-19. “Um líder político não se deixa vacinar quando há idosos sem vacina, médicos, enfermeiros e professores sem vacina. Eu serei o último a ser vacinado em Portugal“, garantiu. Já nas redes sociais, o líder do Chega voltou a sublinhar: “Não aceito nem aceitarei que os políticos sejam vacinados antes dos outros portugueses. Serei o último!”, escreveu.

Já Rui Rio, que aponta que o Governo errou em primeiro lugar “ao não incluir os principais decisores políticos nas prioridades de vacinação” diz que o erro agora é a correção “por via do exagero”. “Falta firmeza e bom-senso”, escreveu o líder do PSD no Twitter depois de deputados sociais-democratas terem sido dos primeiros a manifestar-se contra a opção de vacinar todos os deputados.

André Silva, porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza, entende que Presidente da República, presidente da Assembleia da República, Primeiro-ministro e ministros como a da Saúde, que estão na linha da frente, devem ser priorizados na vacinação, mas discorda da vacinação de todos os deputados. Mais, o deputado afirmou ainda que irá propor em Conferência de Líderes, no Parlamento, propor a redução do número de deputados em plenário — para os números permitidos em abril e março do ano passado, durante o primeiro confinamento — e para que passem a funcionar apenas com “serviços mínimos” e todo o restante trabalho possa ser realizado à distância.

Além de Presidente da República, da Assembleia, primeiro-ministro e ministros da linha da frente, o PAN quer que “sejam pensados também funcionários de alta exposição que tenham de estar na linha da frente” como magistrados judiciais e do Ministério Público e comandantes de bombeiros.

Ao Observador, o Bloco de Esquerda recorda que “defendeu desde a primeira hora que a vacinação fosse prioritária para os profissionais de saúde ou grupos de risco”. Os bloquistas entendem que a lista de vacinação prioritária deve incluir o “Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-ministro e restantes membros do Governo, bem com os presidentes dos tribunais superiores e do Tribunal Constitucional” e que os restantes titulares de cargos políticos “devem ser vacinados em função dos critérios demográficos e de saúde forem estabelecidos para a população.

O Bloco de Esquerda não politizará o processo de vacinação, desejando que corra com toda a normalidade e a maior celeridade possível, pelo que seguiremos qualquer decisão que seja tomada pelas autoridades de saúde”, afirmou Pedro Filipe Soares.

PS concorda com decisão do Governo e diz que “não pode haver cedência à demagogia e ao politicamente correto”

À Rádio Observador, o secretário-geral adjunto socialista José Luís Carneiro referiu que entende que “titulares de órgãos de soberania, em função de critérios de hierarquia funcional devem constar das prioridades de vacinação da Covid-19” e que é “adequado no plano institucional e fator de segurança na decisão de proteção e apoio às populações” incluir na vacinação prioritária os “autarcas com responsabilidades diretas na proteção civil municipal e com especial papel na campanha de vacinação”.

“Em matérias de saúde pública e funcionamento do Estado de direito não pode haver cedência à demagogia e ao politicamente correto. Esta é a decisão que se impunha por imperativo de Estado e por razões de saúde pública”, notou José Luís Carneiro.

Os deputados que já anunciaram abdicar da vacina

Há pelo menos três deputados do PSD que já disseram que cedem a sua vez. Ricardo Baptista Leite escreveu esta terça-feira nas redes sociais — a propósito do anúncio do despacho assinado por António Costa sobre este assunto — que, para já, apenas “faz sentido vacinar as 3 primeiras figuras do Estado: Presidente da República, presidente da Assembleia da República e Primeiro-ministro”. “Alargar aos demais titulares quando o país ainda não vacinou toda a população +80 anos ou profissionais de saúde parece-me de difícil compreensão. Pessoalmente irei esperar pelo meu lugar na 3.ª fase de vacinação”, assegurou.

No mesmo sentido foram Alexandre Poço, que também é líder da JSD, e Cristóvão Norte. “Sou contra vacinarem-me antes dos demais, não sou idoso nem doente”, escreveu este último no Twitter no dia 30 de dezembro como fez questão de recordar esta terça-feira no Facebook.

Alexandre Poço concorda com a vacinação de António Costa mas enquanto deputado dispensa e aguardará pela fase a que tem direito, “como qualquer cidadão”.

Na bancada do CDS João Almeida também já demonstrou a intenção de aguardar pela sua vez de ser vacinado “como se não exercesse o mandato de deputado” considerando que foi “eleito em lista” e que “pode ser substituído”. Ainda assim, destaca a necessidade de vacinar rapidamente “as principais figuras do Estado” — Presidente da República, Primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República — criticando o “populismo se não se terem considerado prioritários” desde o primeiro momento.

De acordo com um despacho, emitido na segunda-feira pelo primeiro-ministro e a que o Diário de Notícias (DN) teve acesso, os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das Regiões Autónomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.

Covid-19: Deputados, funcionários da Assembleia da República, autarcas e magistrados do Ministério Público vacinados para a semana

Segundo a mesma notícia, também a Provedora de Justiça, os membros do Conselho de Estado e a magistratura do Ministério Público vão começar a ser vacinados na próxima semana.

(Artigo em atualização)

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