José Lourenço, líder da distrital do Chega/Porto e um dos mais influentes da máquina do partido, apresentou esta quarta-feira a demissão do cargo alegando “motivos de ordem pessoal”.
Numa mensagem publicada no Facebook, José Lourenço negou que a demissão esteja relacionada com o mau resultado de André Ventura no distrito do Porto, garantindo que a decisão já estava tomada “desde dezembro do ano passado”.
“Desenganem-se os abutres que pensam que o resultado do Porto foi mau. Não o foi. Um distrito hostil para André Ventura e para o Chega, onde a dificuldade de penetração é maior que em qualquer outro ponto do país”, garantiu.
Apesar de alegar motivos de ordem pessoal, e garantindo que a decisão estava tomada desde dezembro, numa publicação feita há dois dias José Lourenço dizia que estava “na altura de virarmos as nossas atenções para as eleições autárquicas”, e assegurava: “Já temos as equipas prontas a trabalhar e ainda esta semana vamos dar o pontapé de saída.”
Nesta útlima publicação, José Lourenço explica os maus resultados no Porto com uma série de fatores. “Os RSI’s estão em maior número no país no Distrito do Porto, Rui Pinto tem ligações próximas de Ana Gomes, Pinto da Costa apoiou publicamente Ana Gomes. Não sendo André Ventura um homem do Porto, tudo fica mais difícil.”
No texto, José Lourenço lança um aviso para o interior do partido: “Os abutres que se podem perfilar no horizonte, não são mais que meros instrumentos de uma extrema-direita, já obsoleta e descontinuada. Inclusive muitos deles já não fazem parte do partido e outros suspensos e em vias de serem expulsos.”
Ex-simpatizante do CDS, amigo de Fernando Madureira, líder da claque dos Super Dragões, e conhecido pelas suas ligações a Caesar De Paço, milionário, ex-consul de Portugal e depois de Cabo Verde em Palm Cost, nos Estados Unidos, e protagonista de várias reportagens assinadas pela revista Visão e depois pela SIC, foi responsável pela maior mobilização de apoiantes do Chega durante a campanha, num drive-in em Leça da Palmeira.
Subiu no aparelho do partido a pulso, acusado de ameaçar e coagir os seus adversários internos. Despede-se do Chega de forma “definitiva”, assegura fonte do partido.
Na última publicação que tem no Facebook, ao lado da mulher num avião, José Lourenço diz que o “trabalho falou mais alto” e revela que o destino é o Brasil, onde tem negócios.
A máquina que faz mexer o Chega. Os homens e as mulheres de André Ventura