A Convenção Nacional da Saúde defendeu que têm de ser mais bem identificados e ordenados os grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19, bem como o que fazer com as sobras das vacinas. “Os critérios desta definição têm de estar cientificamente justificados, têm de ser objetivos e tornados públicos”, exigiu a organização, que reúne cerca de 150 entidades dos setores público, privado e social na área da saúde.

Num comunicado em que reagiu à demissão do anterior coordenador do plano nacional de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, classificando-a de “inesperada”, a Convenção manifestou disponibilidade para colaborar com o atual dirigente, Henrique Gouveia e Melo, solicitando uma reunião de trabalho, por via digital.

A Convenção Nacional da Saúde pretende acompanhar a concretização do Plano de Vacinação para “conseguir identificar, a cada momento, as limitações e os riscos que o país enfrenta e, deste modo, sugerir melhorias” às autoridades públicas. “Na história recente, nunca como foi precisa a colaboração de todos para que as dificuldades sejam rapidamente vencidas, em nome do nosso bem comum”, lê-se no documento enviado às redações.

Defendendo que é preciso vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível, a Convenção sublinhou que muitas centenas de vidas dependem do êxito desta operação. “Milhares de pessoas podem não ficar doentes. Se tudo for feito em tempo útil, o país inteiro pode, finalmente, começar a olhar para a frente com esperança e mais confiança”, frisa, acrescentando que a situação não permite lacunas no processo.

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À data de, há milhares de profissionais de saúde que ainda não iniciaram a sua vacinação e tal é inadmissível, quer em termos da proteção dos próprios e das suas famílias, quer em termos de saúde pública tendo em conta os múltiplos contactos diários que têm com pacientes”, lamentou a organização, acrescentando que estes trabalhadores constituíam um dos grupos de primeira prioridade e que, passado quase um mês e meio, ainda muitos continuam por vacinar, “ao mesmo tempo que se alarga a vacinação a outros grupos”.

Para a Convenção Nacional da Saúde, é fundamental que haja uma comunicação adequada e permanente com a população: “A forma como as entidades de saúde comunicam com as pessoas chamadas a receber a vacina ou à espera que chegue a sua vez, tem de ser direta, objetiva, simples e clara. É importante que, por exemplo, os doentes que não podem sair de casa saibam exatamente o que vai acontecer e como serão cuidados. Reduzir a ansiedade, a desinformação e o ruído são fatores decisivos para aumentar os níveis de confiança, segurança e bem-estar dos portugueses”.

O processo de identificação dos cidadãos a vacinar deve ser simples, nomeadamente para os mais idosos e para os que têm menos acesso a meios informáticos, abarcando todos os cidadãos que não têm médico de família ou não são habitualmente acompanhados pelos centros de saúde, preconizam as entidades subscritoras do documento. “Entendemos que é determinante alargar os locais de vacinação aos hospitais, privados e sociais, e às farmácias, ou seja, o plano de vacinação tem de aproveitar toda a capacidade instalada do país”, defendem.

A Convenção salientou igualmente que é “fundamental conhecer com rigor o calendário de vacinação para as patologias consideradas prioritárias” e considerou imperioso haver “uma monitorização apertada da segurança”. Na avaliação que fez ao Plano de Vacinação contra a Covid-19, concluiu que “não contém a informação necessária para que seja possível avaliar aspetos fundamentais” de cada um dos níveis referidos.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.285.334 mortes resultantes de mais de 104,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 13.482 pessoas, em 748.858 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.