Uma vez provada cientificamente a sua proveniência, podem atingir valores estratosféricos. Estes de que se fala são mais de 70 meteoritos que deverão gerar milhões no leilão que decorrerá na Christie’s na próxima terça-feira. O interesse é proporcional à velocidade a que viajam, até 160 mil quilómetros por hora, responsável pelo aspeto que muitos exibem quando chegam até nós: não raras vezes parecem esculturas de Alberto Giacometti, nota o The Guardian, que dá conta do dispendioso passatempo das celebridades: colecionar estas peças rochosas que poderão alcançar as 250 mil libras cada.
“Há algo de muito especial num objeto que caiu literalmente dos céus”, garante ao jornal o leiloeiro James Hyslop, confirmando o entusiasmo de nomes como Elon Musk, Steven Spielberg, Nicolas Cage, e ainda o ilusionista Uri Geller ou o violoncelista Yo Yo Ma, que aderiram à moda e estão a dispostos a pagar até 10 vezes o peso em ouro de cada uma destas preciosidades. De resto, há menos de um ano o tema ateava atenções e voltava a mobilizar a famosa leiloeira. Mas em bom rigor o encanto remonta pelo menos a 2007, quando licitar uma destas raridades deixou de ser novidade.
Há ainda outros nomes menos mediáticos mas nem por isso menos excêntricos nos seus gostos e gastos. Naveen Jain, por exemplo, é um multimilionário indiano empenhado em construir uma nave que lhe permita procurar ouro e platina no solo lunar. Enquanto isso, é na Terra que detém o recorde da maior coleção privada de meteoritos, avaliada em cerca de 5 milhões de dólares, não tivessem muitos destes objetos milhares de milhões de anos. E para todos aqueles que resumem o ser acervo a “meros calhaus”, Jain responde que sob a lente do microscópio é possível apreciar estas verdadeiras “pedras preciosas do espaço”.
E se pensa que este é um interesse apenas de um geração mais avançada, esqueça. Segundo Cassandra Hatton, da concorrente Sotheby’s, os “meteoritos conheceram um aumento em popularidade entre compradores jovens”, que acreditam que “é muito cool possuir algo que veio do espaço”, num convite à imaginação que contagia todas as idades.
Quanto à importância destas peças rochosas, claro que nem tudo o que cai na Terra vale milhões. James Hyslop explica a complexidade do processo de avaliação, que implica a análise por parte de uma equipa creditada. Em solo britânico, muitos destes achados são encaminhados para Sara Russell, professora de mineralogia cósmica e ciência planetária no Museu de História Natural de Londres, que preserva uma das maiores coleções do género, com cerca de 5 mil exemplares. Infelizmente, adianta ao The Guardian, a maioria das peças que lhe chegam não passam de pedras banais, reconhecendo no entanto que quando encontram um objeto legítimo “é fascinante”. “A maior parte deles advêm de asteroides do começo do sistema solar. Remetem-nos para a formação dos planetas. Destruiram vida, como no caso do asteroide que levou à extinção dos dinossauros. Mas também trouxeram água à Terra, tornando o planeta habitável e preparado para a vida”.