O restaurante/associação cultural Lapo, em Lisboa, voltou esta quinta-feira a violar as regras de confinamento e organizou uma festa com várias pessoas, de crianças a idosos – sem máscara nem qualquer preocupação com o distanciamento físico. António Guerreiro, dono do espaço, fez a dada altura uma transmissão ao vivo, através do Facebook, onde se cantava a “Grândola Vila Morena” e se lançava o repto: “Resistir é preciso. A liberdade não se pede, exerce-se”.

O vídeo ainda está disponível na página de Facebook do Lapo. [Clique abaixo para ver].

Posted by L A P O on Thursday, February 11, 2021

“Meus amigos, resistir é preciso. Abram os vossos negócios. A liberdade não se pede, exerce-se”, diz o proprietário, António Guerreiro, no início de uma transmissão onde se veem pessoas de todas as idades, incluindo uma criança, a conviver em espaços fechados em violação das regras de confinamento.

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PSP diz ter levantado 13 autos de contraordenação

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, através da 1ª Divisão Policial, informou esta sexta-feira que “no dia 11 de fevereiro, pelas 22h00, no Bairro Alto, procedeu à identificação e respetivo levantamento de treze autos de contraordenação aos cidadãos que ali se encontravam, em violação do dever geral de recolhimento obrigatório”.

O evento ocorreu em edifício da rua onde se situa o restaurante “LAPO”, que se encontrava encerrado, tendo a PSP abordado os participantes, após saída do referido edifício, para efeitos de identificação e participação às autoridades competentes.

O Comando de Lisboa PSP acrescenta que “continuará a atuar em situações de incumprimento das restrições do Estado de Emergência e a participar às autoridades competentes em conformidade com o previsto na Lei”.

Este restaurante e associação cultural tem defendido o direito à abertura de espaços de restauração, durante o estado de emergência, e a 28 de janeiro os proprietários organizaram um protesto depois de recusarem fechar o estabelecimento. Nessa altura, os proprietários foram notificados pela PSP e alvo de uma multa até 20 mil euros.

Numa resposta a um comentário na transmissão, os proprietários dizem que “Só paga coimas quem quiser. As medidas do Governo são ilegais. A Constituição da República Portuguesa é a Lei suprema do país“.

“Na sequência do levantamento do auto por contraordenação ao proprietário do Restaurante LAPO, por incumprimento da suspensão do estabelecimento de restauração determinado pelo Estado de Emergência decretado no passado dia 14 de Janeiro, a PSP notificou, no dia de ontem, aquele responsável para, querendo, exercer o seu direito de defesa ou optar pelo pagamento voluntário da coima”, confirmou a PSP, então, em nota distribuída pelas redações.

À porta do restaurante, havia um manifesto (também publicado nas redes sociais) onde os sócios-gerentes do espaço defendiam que “a defesa da saúde pública não deve nem pode tornar-se um álibi para um atentado contra a vida e a liberdade do povo português”. “Nós, António Guerreiro e Bruna Guerreiro, sócios-gerentes da empresa Atelier Lapo Lda., decidimos manter o restaurante Lapo aberto, invocando o artigo 21.º da Constituição da República Portuguesa – Direito de Resistência”, alegavam nesse manifesto.