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Francisco, só ele, merecia que as lágrimas de alegria não tivessem sido em vão (a crónica do FC Porto-Boavista)

Este artigo tem mais de 3 anos

O FC Porto fez uma primeira parte muito má e uma segunda que não foi boa o suficiente. Dragões empataram com o Boavista e podem ficar a 10 pontos do Sporting: e só Francisco merecia algo diferente.

FC Porto v Boavista FC - Liga NOS
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Sérgio Conceição felicitou o filho depois do terceiro golo dos dragões: mas o lance acabou por ser anulado

Getty Images

Sérgio Conceição felicitou o filho depois do terceiro golo dos dragões: mas o lance acabou por ser anulado

Getty Images

“Basta”. Se a declaração de Pinto da Costa, no final do jogo da Taça de Portugal com o Sp. Braga, pudesse ser resumida numa única palavra, seria esta. Na sala de imprensa do Municipal de Braga, o presidente do FC Porto apareceu no lugar de Sérgio Conceição e fez um comunicado sem direito a perguntas, motivado pela polémica expulsão de Luis Díaz, na sequência do lance em que David Carmo se lesionou gravemente. O vermelho de Díaz juntou-se ao vermelho de Corona, dias antes e também com o Sp. Braga, e ambos juntaram-se à jogada onde Nanú se lesionou, contra o Belenenses SAD, e onde os dragões defendem ter existido grande penalidade. Para o FC Porto, e face às arbitragens dessas três partidas, só uma palavra demonstrava o sentimento do clube: “basta”.

E era exatamente essa a palavra escolhida para, este sábado, tomar o lugar dos adeptos nas bancadas do Dragão. Na receção ao Boavista, em mais uma edição do histórico dérbi da Invicta, eram várias as tarjas que surgiam espalhadas pelo estádio, em fundo branco e com garrafais letras azuis. A mensagem, intensificada com um ponto de exclamação, era simples: “Basta!”. E o que é certo é que as tarjas, para além de um óbvio protesto que tem sido veiculado por várias vozes do clube, desde Pinto da Costa a Vítor Baía e Francisco J. Marques, serviam também para incentivar uma equipa que não está habituada a perder pontos em semanas consecutivas.

Ficha de jogo

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FC Porto-Boavista, 2-2

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

FC Porto: Marchesín, Manafá (Francisco Conceição, 77′), Diogo Leite (Zaidu, 45′), Pepe, Sarr, João Mário (Otávio, 45′), Sérgio Oliveira, Fábio Vieira (Grujic, 45′), Corona, Marega (Evanilson, 71′), Taremi

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Loum, Felipe Anderson, Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Boavista: Léo Jardim, Reggie Cannon, Rami (Gómez, 62′), Porozo, Devenish, Mangas, Paulinho (Pérez, 83′), Sauer (Show, 58′), Nuno Santos, Elis (Benguche, 83′), Angel Gomes (Hamache, 83′)

Suplentes não utilizados: Bracali, Yusupha, Nathan, Morais

Treinador: Jesualdo Ferreira

Golos: Porozo (8′), Elis (45+1′), Taremi (54′), Sérgio Oliveira (gp, 82′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Paulinho (18′), a João Mário (29′), a Léo Jardim (86′), a Evanilson (90+4′), a Pérez (90+7′), a Rami (90+7′)

Ainda assim, e mesmo com a óbvia recordação espalhada pelas bancadas até ao apito inicial — foram todas retiradas nos minutos que antecederam o início do jogo –, o FC Porto pretendia esquecer a polémica e a frustração causadas pelos últimos resultados e abriu um novo capítulo. Um novo capítulo que tinha como objetivo voltar às vitórias, não perder mais pontos para o Sporting para manter em aberto a conquista do título e ainda ganhar um ritmo positivo para o regresso da Liga dos Campeões, já na próxima semana, contra a Juventus de Cristiano Ronaldo. A primeira página desse novo capítulo passava então pela receção ao Boavista de Jesualdo Ferreira: ou seja, pela receção ao último classificado da Primeira Liga e a um treinador que foi tricampeão nacional com os dragões.

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Sem Luis Díaz e Uribe, ambos expulsos contra o Sp. Braga e ambos castigados, Sérgio Conceição acabava por surpreender e deixava Grujic no banco para lançar o jovem João Mário no onze, para além do expectável Fábio Vieira. Corona regressava à titularidade depois de também ter cumprido castigo, Otávio regressava à convocatória depois de lesão e começava como suplente mas a grande surpresa das escolhas dos dragões estava mesmo no eixo defensivo. Mbemba, habitual titular ao lado de Pepe, não estava sequer na ficha de jogo e era substituído por Diogo Leite, depreendendo-se que o central terá sofrido algum problema físico de última hora. Do outro lado, Jesualdo Ferreira não podia contar com Javi García, também castigado, e Chidozie, que ainda está emprestado pelo FC Porto.

FC Porto v Boavista FC - Liga NOS

“Basta!”: as tarjas que ocuparam o Dragão até ao apito inicial

Os primeiros minutos depressa deixaram entender que o Boavista apresentava-se com uma linha defensiva de cinco, com três centrais e tal como fez contra o Sporting, e que o FC Porto colocava Fábio Vieira numa posição mais central, perto de Sérgio Oliveira, e João Mário no corredor esquerdo, com Corona a ficar responsável pelo contrário. O primeiro lance de perigo pertenceu aos axadrezados, com um remate de Elis para defesa de Marchesín (2′), e a verdade é que essa jogada acabou por ser o grande exemplo daquilo que seria a movimentação tipo da equipa de Jesualdo Ferreira: muita profundidade na ala direita, onde o lateral Reggie Cannon subia, oferecia os espaços interiores a Paulinho e muitas vezes conseguia cruzar para procurar a presença de Elis na grande área.

O FC Porto reagiu à entrada surpreendente do Boavista com um cabeceamento por cima de Marega, na sequência de um cruzamento de Corona (7′), mas o destino dos minutos seguintes já estava praticamente traçado. Na conversão de um pontapé de canto, Gustavo Sauer levantou na direita e Porozo, mais alto do que Diogo Leite ao primeiro poste, desviou para dentro da baliza (8′). O central, que até é dos menos utilizados pelo treinador e só foi chamado ao onze face à ausência de Chidozie, estreava-se assim a marcar pelos axadrezados. A perder, os dragões esticaram-se no relvado e procuraram encostar o adversário às cordas: o Boavista tentou manter as linhas subidas até estar concluído o primeiro quarto de hora mas acabou por recuar, juntar setores e encaixar o bloco, de forma a encurtar o espaço entre linhas que costuma ser aproveitado pela equipa de Sérgio Conceição.

O FC Porto procurava muitas vezes a profundidade pelos corredores laterais mas estava a encontrar, principalmente, dois obstáculos: a franca desinspiração de Corona, que estava alguns furos abaixo do normal; e o desconforto de João Mário na ala esquerda, sendo um destro de raiz. A faixa esquerda dos dragões acabava por ser a mais dinâmica, não tanto pelo mexicano mas pelas investidas de Manafá, que está claramente num bom momento de forma e surgia muitas vezes a tirar cruzamentos para a grande área. Do outro lado, estando Sarr e não Zaidu, a ala ficava algo fragilizada na hora de atacar e João Mário optava muitas vezes por jogar para trás ao invés de esticar o lance e cruzar com o pé esquerdo. Nestas movimentações, a linha de cinco defesas montada por Jesualdo Ferreira acabava por ter um papel preponderante, já que dificultava a largura que o FC Porto tantas vezes aplica nas partidas.

A melhor ocasião dos dragões na primeira parte foi um remate de Corona, de fora de área, que obrigou Léo Jardim a uma defesa apertada (20′). À passagem da meia-hora, o Boavista percebeu que podia voltar a desequilibrar com transições rápidas, já que o FC Porto estava novamente mais lento, com menos intensidade e ritmo nos processos, e Elis quase conseguiu aumentar a vantagem com mais um remate na grande área para mais uma defesa de Marchesín (31′). O golo do avançado, porém, estava reservado para o período de descontos: quando já toda a gente estava a pensar no intervalo, Ricardo Mangas desequilibrou na esquerda, combinou com Angel Gomes e cruzou rasteiro para a pequena área; Elis, em esforço, ao segundo poste e nas costas do central, empurrou para dentro da baliza (45+1′).

O FC Porto ia para o intervalo a perder com o último classificado. E, mais do que isso, o FC Porto ia para o intervalo a perder com o último classificado de forma justa. O Boavista estava a ser totalmente competente a defender, muito eficaz a atacar e sempre paciente e cauteloso; do outro lado, os dragões ainda não tinham conseguido criar uma verdadeira situação de perigo, estavam a permitir muitos espaços no último terço e pareciam pouco ligados à partida. Era preciso recuar até 2010, contra o Olhanense de Jorge Costa, para voltar a ver o FC Porto a perder 0-2 em casa ao intervalo — curiosamente, nesse dia há 11 anos, o treinador dos dragões era Jesualdo Ferreira.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Boavista:]

De forma expectável, ao intervalo, Sérgio Conceição fez três alterações: saíram Diogo Leite, Fábio Vieira e João Mário, entraram Zaidu, Grujic e Otávio. Zaidu tinha o objetivo de dar dinamismo à ala esquerda, Sarr passou para a posição de central ao lado de Pepe, Grujic assegurava as tarefas defensivas para soltar Sérgio Oliveira para a construção e Otávio, embora recentemente recuperado de lesão, tinha como função dar criatividade e desequilíbrio à equipa. Os dragões depressa mostraram que não queriam adiar o golo, com um remate de Otávio que desviou em Rami (51′), e conseguiram reduzir a desvantagem ainda dentro dos primeiros 10 minutos do segundo tempo.

Na sequência de um lançamento de linha lateral para a grande área, Grujic fez um primeiro desvio de cabeça e deixou a bola sobrar para Taremi, que rematou de pé esquerdo. A bola desviou em Porozo e enganou Léo Jardim (54′), abrindo desde logo o jogo com mais de meia-hora por disputar. Jesualdo Ferreira reagiu ao golo sofrido com a entrada de Show para o lugar de Gustavo Sauer mas foi obrigado a mexer novamente logo de seguida, com uma aparente lesão muscular de Rami. O central francês, que estava a ser o patrão da defesa do Boavista, deu o lugar a Gómez e deixou mais inexperiente e frágil o setor mais recuado da equipa.

Ainda assim, o tempo ia passando. De forma natural, a segunda parte só tinha um sentido, o da baliza de Léo Jardim, e o Boavista não tinha qualquer outro objetivo que não defender a valiosa vantagem que ainda tinha. O FC Porto estava totalmente instalado no meio-campo adversário mas não conseguia ser completamente asfixiante, permitindo à equipa de Jesualdo Ferreira gerir o resultado com alguma tranquilidade e sem grandes sobressaltos. Sérgio Conceição voltou a mexer a 20 minutos do fim, ao trocar um apagado Marega por Evanilson, e os dragões mantinham uma dinâmica que se baseava em cruzamentos infrutíferos para a área e longos períodos inofensivos de posse de bola junto à grande área. Com o adiantar do relógio, os axadrezados começaram a explorar novamente os contra-ataques, confiantes com a quebra de intensidade que o cansaço trazia ao FC Porto.

Um dos momentos da partida, resultado à parte, ficou reservado para o minuto 77. Nessa altura, Wilson Manafá saiu e deu lugar a Francisco Conceição, filho de Sérgio Conceição, que aos 18 anos fazia a estreia na equipa principal dos dragões. Sérgio Oliveira ficou muito perto de empatar com um grande remate de fora de área que obrigou Léo Jardim a uma grande defesa (78′) mas o golo do médio dos dragões só foi adiado por alguns minutos. Pouco depois, Evanilson foi carregado em falta por Devenish na grande área e Sérgio Oliveira, na conversão, não falhou (82′). Logo depois, a sorte inverteu-se: Francisco Conceição também sofreu falta na área, desta feita de Porozo, mas Sérgio Oliveira acertou no poste ao bater o penálti (86′).

Antes do apito final, Francisco Conceição ainda teve outra oportunidade para ser o homem do jogo mas acabou por ser traído pelo VAR. O jovem desequilibrou na direita e rematou para uma defesa incompleta de Léo Jardim; na recarga, Evanilson atirou para a baliza e o guarda-redes desviou para a barra, não conseguindo evitar o golo (89′). Depois de a bola entrar, Francisco Conceição lançou-se a correr para os braços do pai, ambos em lágrimas, num momento muito emocionante que merecia não ter sido em vão. Depois de analisar as imagens do VAR, Manuel Mota considerou que Evanilson dominou a bola com a mão e anulou o golo, sentenciando o empate do FC Porto com o Boavista no Dragão.

Os dragões somaram o terceiro empate consecutivo na Liga, o quarto em todas as competições, e podem ficar a 10 pontos do Sporting se os leões vencerem o P. Ferreira na segunda-feira. Já o Boavista de Jesualdo Ferreira fez uma enorme exibição no Dragão, principalmente na primeira parte, e voltou a mostrar que está num lugar classificativo que não demonstra a qualidade que tem dentro de campo. O FC Porto acabou por pagar o preço de um primeiro tempo muito abaixo do esperado que não foi compensado no segundo — mas Francisco, só ele, merecia que aquelas lágrimas não fossem da alegria à tristeza.

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