A grande maioria das empresas (85%) considera que os apoios à economia estão “aquém ou muito aquém” do necessário e 60% não se candidataram às medidas, mostra um inquérito apresentado pela CIP, Confederação Empresarial de Portugal (CIP). O inquérito realizado entre os dias 04 e 12 de fevereiro, no âmbito do “Projeto Sinais Vitais”, desenvolvido pela CIP em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE, abrangeu 519 empresas, a maioria das quais micro e pequenas empresas.

No início de fevereiro, já em pleno novo confinamento, 85% das empresas responderam que os programas de apoio adotados pelo Governo estão “aquém ou muito aquém” do necessário e 60% dos empresários disseram que, nos últimos três meses, não se candidataram às medidas disponíveis para responder à pandemia. Segundo explicou o professor do ISCTE, Pedro Esteves, durante a apresentação do estudo, das empresas que não se candidataram aos apoios, 47% não o fizeram “por considerarem que não preenchem as condições de elegibilidade”.

Por sua vez, das 40% que se candidataram, 65% obtiveram ‘luz verde’, 28% ainda aguardam resposta e 7% viram a candidatura rejeitada. O vice-presidente da CIP, Óscar Gaspar, realçou que “infelizmente, as empresas constataram que os critérios e as regras de acesso não se ajustavam” e defendeu que a suspensão dos programas Apoiar.pt e Apoiar Restauração “são exemplos do que não devia ter acontecido”. “Há muitos empresários da restauração e da hotelaria” que não conseguiram submeter as candidaturas a tempo aos programas, disse Óscar Gaspar, defendendo que, a par da prorrogação do estado de emergência de 15 em 15 dias, “devia também haver a prorrogação das medidas de apoio com aquilo que é a perceção do aprofundamento da crise”.

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O barómetro da CIP mostra ainda que o número de empresas respondentes em pleno funcionamento “baixou de forma significativa” de 85% para 67%, de janeiro para o início de fevereiro, e as empresas fechadas aumentaram de 2% para 9%, tendo igualmente aumentado as empresas parcialmente encerradas de 13% para 24%, indica o barómetro. O documento revela ainda que em janeiro de 2021, face ao mês homólogo, 66% das empresas mantiveram os prazos de pagamento a fornecedores, mas em 22% os prazos subiram em média 37 dias, enquanto em 12% dos casos houve uma diminuição de 33 dias, em média.

As vendas e prestação de serviços em janeiro afetou todo o tipo de empresas, já que 63% responderam que houve uma queda face ao mês homólogo, com destaque para as microempresas (67% com redução). Por outro lado, a pandemia provocou também uma abertura para novos clientes, já que 33% das empresas estão a vender a novos clientes, que representam 16,4% das vendas dessas empresas.

Quanto ao estado das encomendas em carteira em fevereiro comparando com o mês homólogo, 44% das empresas registaram uma diminuição, 18% mantiveram e 9% aumentaram, havendo 29% de empresas em que este indicador não se aplica. As medidas sanitárias para combater a pandemia são consideradas adequadas para 51% das empresas inquiridas.