O vírus que provoca a Covid-19, à semelhança de outros coronavírus, pode sobreviver na roupa (e passar, daí, para outras superfícies) ao longo de até 72 horas, revela um estudo de uma universidade britânica, a De Montfort University (DMU) de Leicester. É mais um de vários estudos feitos nos últimos meses e que tentam compreender o risco associado à forma como as superfícies podem ter um papel na transmissão do vírus – depois de já em outubro uma pesquisa australiana ter alertado para o perigo de objetos como dinheiro (notas e moedas) e ecrás táteis (como os dos smartphones).

A pesquisa da DMU revelou que o tipo de tecido onde o vírus consegue manter-se ativo durante mais tempo é o poliéster, um material onde foi detetado que o vírus conseguia permanecer vivo ao longo de três dias – e não só permanecer vivo como, demonstrou-se, ser passado daquela superfície para outra e continuar ativo. Nos tecidos de 100% algodão o vírus pareceu durar 24 horas, ao passo que noutros tecidos sintéticos o vírus só sobreviveu seis horas.

O estudo, que foi conduzido por uma equipa de virologistas e microbiologistas da universidade, foi realizado através de uma disseminação de gotículas contendo um “modelo” de vírus semelhante ao Sars-CoV-2. A partir dos resultados, a equipa de investigadores recomendou que os hospitais lavem com processos industriais todos os uniformes e equipamentos de proteção individual reutilizáveis.

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“Quando a pandemia começou, havia um entendimento muito escasso sobre o tempo que o coronavírus poderia sobreviver nos têxteis”, afirmou Katie Laird, microbiologista que trabalhou neste estudo e que avisa que “se os enfermeiros e profissionais de saúde levarem as batas e uniformes para casa poderão deixar rastos do vírus noutras superfícies”.

A DMU sublinha que mesmo lavando os têxteis a temperaturas elevadas, numa máquina simples, “isso não elimina o vírus e não elimina o risco de que a roupa contaminada deixe rastos do coronavírus noutras superfícies em casa ou nos carros”.

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