O novo diretor do Panteão Nacional, o historiador Santiago Macias, disse esta sexta-feira à agência Lusa que pretende atrair mais visitantes jovens ao monumento, em Lisboa, para conhecerem a História de Portugal, num programa de iniciativas que vai envolver municípios.
O papel dos jovens nas visitas ao Panteão deverá ter um lugar muito significativo. Temos de transmitir às gerações mais novas a importância da nossa História e dos antepassados, na História de Portugal”, salientou.
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou na quinta-feira os primeiros resultados dos concursos internacionais para cargos de direção em museus e monumentos nacionais, com algumas mudanças nas lideranças, nomeadamente no Panteão Nacional, onde Isabel Melo irá ser substituída por Santiago Macias, a partir de 01 de abril.
“Abraço este desafio com entusiasmo e com empenho”, comentou o novo responsável, de 57 anos, doutorado em História pela Universidade de Lyon, em 2005, docente especializado do Curso de Mestrado em Património da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com vasta experiência em museologia, comissariado de exposições e coordenação de publicações, segundo a biografia divulgada pela DGPC.
Questionado pela Lusa sobre a visão que apresentou no concurso internacional, Santiago Macias disse ter “muitas ideias para preparar iniciativas ao longo dos próximos anos, como a transladação de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional”.
O meu programa de trabalho vai no sentido de incluir, o mais possível, setores da nossa sociedade que nem sempre estão muito abertos a visitar sítios como este monumento, nomeadamente os mais jovens”, comentou, acrescentando que pretende também chamar municípios de onde as figuras históricas do Panteão são naturais, como Torres Novas e Silves, para fazerem parte da “realidade viva” do monumento.
Parcerias, visitas de estudo, deslocações de técnicos, ações viradas para as escolas, são algumas das propostas que tem em mente “para que as novas gerações não se desliguem da realidade da História de Portugal, à qual podem aceder de uma forma muito pragmática”, defendeu.
O historiador assumiu que possui uma visão “conservadora, não só no sentido de que os monumentos como o Panteão são espaços da maior importância em termos de homenagem àqueles que lá estão, fisicamente, e através de memórias, mas também enquanto sítio de construção e de preservação da memória coletiva do país”.
O Panteão Nacional homenageia algumas das mais importantes personalidades da história e cultura portuguesa de todos os tempos, nomeadamente, os navegadores Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama, os Presidentes da República Manuel de Arriaga, Sidónio Pais e Óscar Carmona, os escritores Almeida Garrett e Aquilino Ribeiro, a artista Amália Rodrigues, o futebolista Eusébio, e o Marechal Humberto Delgado.
Por outro lado, pelo “número significativo de criadores das letras e das artes” presentes no Panteão, como Sophia de Mello Breyner e Guerra Junqueiro, pretende, em articulação com outras entidades, divulgar a obra, através de vários eventos.
No entanto, ressalva que “a visão também é conservadora no sentido do uso criterioso do espaço, que decorre obviamente da legislação. Há limites, claramente definidos em diplomas legais, para o que se pode realizar no Panteão Nacional”.
Macias recordou a “situação fora das normas” ocorrida em 2017, com um jantar de fundadores e empresários da Web Summit, que gerou polémica.
Eventos desses não serão repetidos, e não é desejável que ocorram”, defendeu.
Quanto ao estado do edifício, Santiago Macias comentou que se encontra numa plataforma desabrigada na cidade, e cuja preservação deve ser cuidada: “Vou dar seguimento de um trabalho que já vem detrás, para o qual contribuíram as anteriores direções”.
No quadro do novo regime, os diretores passam a ser recrutados através de concursos públicos, entre candidatos com vínculo ou sem vínculo à administração pública, em Portugal ou no estrangeiro, para comissões de serviço de três anos, com uma limitação máxima de renovação de dez anos.
Até agora, o regime era de três anos, sem limite de renovação, com seleção feita através da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública.