As medidas adotadas para travar a Covid-19 conseguiram reduzir a mobilidade dos portugueses em 40% face ao período de pré-pandemia, mas atualmente essa redução já é inferior a 30%. É que, nas últimas três semanas, o confinamento tem vindo a descer, ainda que ligeiramente e isto pode significar que este lockdown está a ter menor dimensão do que o primeiro, de março e abril. As conclusões são consultora PSE que adianta que o nível real do confinamento atual “foi inferior ao do primeiro em cerca de 9,3 pontos — o que corresponde quase a 1 milhão de pessoas”.

A manter-se a tendência, estaremos perante um confinamento com menor dimensão e com menor duração que o primeiro”, lê-se num comunicado enviado esta quinta-feira.

Após o fecho das escolas, o índice de mobilidade estava entre os 59% e 61%, mas desde o dia 12 de fevereiro, que “a mobilidade está tendencialmente acima dos 70%” face ao normal, indica a PSE. Os dados mais recentes da consultora, referentes a 24 de fevereiro apontam para uma mobilidade de 72% — ou seja, “menos 28 pontos do nível normal, anterior à pandemia, nos dias úteis”.

Índice de mobilidade, nos dias úteis, desde 25 de janeiro

Segundo a PSE, o pico de confinamento adicional — o confinamento das pessoas que habitualmente e antes da pandemia não ficavam em casa e que por força das atuais circunstâncias têm de o fazer — foi atingido na quarta semana de 2021, com 27,2%. Já no primeiro confinamento, o pico foi de 36,5% na Páscoa. “Este valor de 27,2% tem vindo sempre a reduzir-se nas últimas semanas, sendo agora de 21,5% na semana 7, a terceira de fevereiro”, indica a PSE.

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A consultora detalha ainda que “as pessoas do género masculino são as que estão a desconfinar mais”. Entre a quinta e a sétima semana de 2021, o sexo feminino desconfinou apenas a 1%, já os homens desconfinaram a 8%, no mesmo período de tempo.

Por outro lado, vemos que o desconfinamento está a acelerar sobretudo junto das classes sociais mais baixas“, indica ainda.

A PSE chegou a estas conclusões a partir de uma aplicação instalada nos smartphones de 3.670 pessoas que deram autorização para que os seus dados de localização e deslocação fossem recolhidos de forma contínua. Estas pessoas têm mais de 15 anos e residem nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, Litoral Norte, Litoral Centro e distrito de Faro — uma amostra representativa do universo em estudo, garante a PSE.

Na verdade, este estudo começou a ser realizado em 2019, ainda antes de haver qualquer suspeita de um novo coronavírus — o objetivo era apenas “auxiliar as câmaras municipais no ordenamento do território e na gestão de mobilidade e transportes” e “outras empresas e entidades em estudos comportamentais”. Mas agora permite analisar os movimentos dos portugueses durante a pandemia.