Apoios demasiado genéricos, sem atenção à especificidade da economia do Algarve, e falta de perspetivas para reabrir fronteiras e o transporte aéreo foram algumas das queixas feitas hoje por empresários da região afetados pela pandemia de covid-19.

A falta de atividade turística está a deixar as empresas descapitalizadas e em dificuldades e os representantes de agências de viagens, de aluguer de automóveis ou de alojamento local, entre outros, mostraram-se críticos com os mecanismos de apoio criados pelo Governo, num “webinar” que juntou micro, pequenos e médios empresários do distrito de Faro.

Entre os empresários participantes na iniciativa, organizada pela Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), estava Luís Agulhas, gerente de uma microempresa de alojamento local, em Olhão, que criticou a “complexidade tremenda” com que os empresários se confrontam para aceder aos apoios.

A mesma fonte considerou que a multiplicidade de apoios existentes criou um jogo de “empurra, empurra”, que umas vezes beneficia uns setores e deixa outros de fora, o que obriga, os empresários ou os contabilistas, a saber o que estão exatamente a fazer”, porque correm o “risco de impossibilitar candidaturas a outros apoios”.

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“Foi criado um mosaico que não é de todo informativo e exige um conhecimento específico do que se está a fazer”, afirmou Luís Agulhas, frisando que o “microempresário é agora um especialista na gestão financeira de alto grau e, se não for, está votado a uma dificuldade acrescida” aos efeitos da pandemia na atividade turística.

Burno Fraga, da Associação de Empresários por Quarteira, disse que o Algarve é uma zona turística e “se não há voos, não há turistas, o desemprego em massa está à vista”, e pediu para “simplificar” e ter em atenção a “especificidade” da economia do Algarve, “muito dependente do turismo”.

“Oitenta por cento dos negócios estão fechados, os que estão a funcionar estão só a trabalhar por teimosia, orgulho e vontade das pessoas, mas a perder, a pagar rendas, impostos, muitos deles, como eu, não conseguimos aceder aos apoios, porque não há pessoas que nos ajudar a simplificar este processo”, afirmou.

Gonçalo Valente, gerente de agências de viagem e operador turístico, disse que os “apoios não estão a chegar igual a toda a gente” e “falta de informação” e “incerteza” sobre “o que vai acontecer ao turismo”.

“Este fecho e a imprevisão que temos na reabertura das fronteiras, para tidos nós, que dependemos do turismo, deixa-nos aqui um vazio muito grande e um medo de continuar a investir, porque é difícil acreditar no que vai acontecer”, argumentou.

Armando Santana, empresário no aluguer de automóveis, também criticou a falta de “medidas claras” e “específicas” para cada setor e recordou que as empresas de “rent-a-car” têm mais de 90% do trabalho “com o turismo” e têm “a frota quase toda parada”.

“As coisas têm de ser delineadas com cabeça, tronco e membros, se não se puder dar 100, que se dê 50, mas que sejam canalizados para tapar efetivamente buracos” nas empresas, considerou.