A Nova Zelândia foi atingida por cinco terramotos num espaço de sete horas. Poucos minutos após o terceiro sismo, avaliado na magnitude 8.0 na escala de Richter, um quarto sismo de magnitude 5.7 abalou novamente o país. O quinto foi avaliado na magnitude 6.5 na mesma escala. A Agência de Gestão de Emergências Nacionais emitiu um novo alerta de tsunami após o terceiro terramoto.
A mesma agência avisou que as pessoas devem “deslocar-se imediatamente para o terreno elevado mais próximo, longe de todas as zonas de evacuação por tsunami e mais para o interior do país possível”. Depois de uma atualização, a maior parte do território costeiro foi colocado sob alerta de tsunami.
TSUNAMI WARNING issued following Kermadecs earthquake. People near coast from the BAY OF ISLANDS to WHANGAREI, from MATATA to TOLAGA BAY, and GREAT BARRIER ISLAND must MOVE IMMEDIATELY to nearest high ground, out of all tsunami evacuation zones, or as far inland as possible
— National Emergency Management Agency (@NZcivildefence) March 4, 2021
“Não fiquem em casa”, avisou a agência, que também esclareceu que “esta ordem de evacuação sobrepõe-se a quaisquer medidas impostas pela Covid-19”: “Mantenham uma distância de dois metros dos outros se puderem e se for seguro”. As primeiras ondas resultantes do tsunami já estão a atingir a costa, mas as autoridades avisam que as primeiras vagas a alcançar a costa não serão as maiores.
A comunicação social neozelandesa confirma que centenas de pessoas estão a sair de casa, do local de trabalho e da escola para cumprir as ordens das autoridades. Há relatos de desordem em Whangarei e Whakatane, regiões atingidas pelos sismos, durante a evacuação das cidades. Mas também, há quem se tenha dirigido para a praia com câmaras, nomeadamente na baía de Tologa.
Mesmo nos Estados Unidos, as instituições colocaram o Hawai sob “observação de tsunami” e estão a calcular se o tsunami neozelandês pode ser perigo para aquela região norte-americana. O sismo de magnitude 8.1 também motivou alertas na Samoa Americana e na costa oeste da América Central e do Sul.
Nova Zelândia registou mais abalos durante a madrugada
O primeiro abalo foi registado às 13h27 de Portugal Continental (mais onze horas na Nova Zelândia), teve epicentro a 174 quilómetros de Gisborne e origem a 20,8 quilómetros de profundidade. A agência emitiu um alerta de tsunami, com ondas de até três metros, mas foi levantado algumas horas depois.
Cerca de quatro horas mais tarde, às 17h41, um segundo sismo de magnitude 7,4 abalou as Ilhas Kermadec e motivou mais um alerta de tsunami, que ainda está ativo. Segundo as autoridades, os dois primeiros abalos não estavam relacionados.
O terceiro dos quatro terramotos foi aquele que registou magnitude mais elevada — 8.1 na escala de Richter — e fez-se sentir também nas Ilhas Kermadec. Cerca de 20 minutos mais tarde, um quarto abalo, possivelmente uma réplica, foi registado no mesmo local, mas com magnitude revista em 5.7.
O sismo foi sentido em toda a Nova Zelândia. A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, já se pronunciou no Facebook: “Espero que todos estejam bem”.
Nova Zelândia faz parte do Anel de Fogo do Pacífico
A Nova Zelândia situa-se no limite entre duas placas tectónicas, peças que compõem a superfície terrestre e que se movimentam, interagindo, segundo os movimentos do magma abaixo delas: a Placa do Pacífica e a Placa Australiana. Na zona onde este sismo ocorreu, elas chocam uma na outra. A mais densa, que é a do Pacífico, mergulha debaixo da outra e é destruída pelo magma — a subducção.
Estes são movimentos agressivos, que levam à acumulação de grandes quantidade de energia nas rochas que compõem as placas tectónicas. Quando os materiais atingem o seu limite de resistência, a energia é libertada sob a forma de terramotos. Além disso, parte do magma encontra oportunidade para subir à superfície, provocando a atividade vulcânica que está, de resto, na origem da formação geológica do país.
Tudo isto acontece no famoso Anel de Fogo do Pacífico, uma área que circunda o norte do Oceano Pacífico, rica em atividade vulcânica forte e terramotos severos, onde a Placa do Pacífico vai sendo consumida por todas as outras em seu redor. São 400 mil quilómetros de trincheiras, arcos vulcânicos, a Falha de Santo André e a mais profunda região dos oceanos — a Fossa das Marianas, com quase 11 quilómetros de profundidade.