João Almeida, candidato derrotado nas últimas eleições para a liderança do CDS, é apontado como candidato à Câmara Municipal de São João da Madeira, onde vive e de onde é natural. O deputado democrata-cristão vai encabeçar, à partida, uma coligação de direita que tentará derrubar o socialista Jorge Sequeira, presidente da distrital do PS/Aveiro.

O nome já foi aprovado pelas direções dos dois partidos, tem o ‘ok’ das estruturas distritais e resta agora a luz verde das concelhias para oficializarem a candidatura. Da parte de Manuel Correia, líder do CDS de São João da Madeira, a solução está comprada. “É prestigiante e vejo com muitos bons olhos esta candidatura”, diz.

As estruturas locais do PSD ainda têm de reunir, mas é pouco provável que venha a contrariar a indicação da direção e da distrital. Com um pormenor: Salvador Malheiro é simultaneamente vice-presidente e líder da distrital de Aveiro do PSD, o que significa que está duplamente empenhado nesta candidatura.

A escolha de João Almeida para liderar a coligação CDS/PSD faz parte de um esforço dos dois partidos para enfrentarem em conjunto as próximas autárquicas, mesmo que isso implique que os sociais-democratas venham a abdicar da escolha do cabeça de lista. O deputado já integrou por duas vezes as listas do CDS à autarquia, primeiro nas intercalares de 2016, no simbólico último lugar da lista, e em 2017, no terceiro lugar. Agora será, ao que tudo indica, o próximo candidato da direita à presidência da Câmara.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nos próximos dias e semanas, serão revelados mais nomes de candidatos que, sendo do CDS, vão estar na linha da frente. Os processos estão a ser avaliados pelos secretários-gerais dos respetivos partidos, José Silvano (PSD) e Francisco Tavares (CDS), que, caso a caso, e depois de auscultarem as estruturas, vão percebendo quem está em melhores condições de ser candidato.

Este esforço de aproximação surge depois de o CDS ter abdicado de impor um cabeça de lista a Lisboa apesar de historicamente gozar dessa prerrogativa — foi assim em 1979, quando Nuno Krus Abecassis se tornou presidente da Câmara de Lisboa, em consequência das eleições de 1976, que tinham dado 18,9% ao CDS e 15,2% ao PSD; e deveria ser assim depois de 2017, ano em que o CDS teve 20,59%, enquanto o PSD teve 11,2%.

Em teoria, por isso, cabia ao CDS indicar o candidato à capital. Rodrigues dos Santos acabou por abdicar do lugar para fazer parte de uma grande coligação encabeçada por Carlos Moedas, numa decisão motivou críticas internas e muito desconforto nas estruturas do partido. Nuno Melo, no último Conselho Nacional do CDS, aproveitou inclusive para acusar a atual direção de se ter deixado secundarizar quando deveria ter reclamado a liderança do processo.

Rui Rio e Rodrigues dos Santos tentam agora reequilibrar essas contas e o primeiro sinal é dado nesta escolha do candidato a São João da Madeira. João Almeida, um crítico assumido da atual liderança do CDS, vai assim tentar derrotar Jorge Sequeira, que tem a particularidade de ser um dos homens de confiança de Pedro Nuno Santos e sucessor do atual ministro na distrital de Aveiro do PS.

Foi aliás Pedro Nuno Santos quem desafiou Jorge Sequeira, em 2017,  para ser candidato autárquico. A direita liderava os destinos da cidade há 38 anos mas estava estilhaçada quando foi a votos há quatro anos. Em 2013, os sociais-democratas venceram a autarquia sem maioria; nas intercalares de 2015, todos os elementos da lista social-democrata renunciaram aos cargos; em 2016, houve intercalares e a coligação PSD/CDS conquistou a autarquia com maioria absoluta; em 2017, divergência internas no PSD afastaram o autarca em funções da corrida e a Câmara caiu nas mãos dos socialistas, já depois de um período em que funcionou em gestão administrativa.

E foi uma senhora vitória: os socialistas conseguiram 55,37% dos votos e cinco vereadores contra 32,23% dos votos da direita e dois vereadores. João Almeida, se tiver luz verde para avançar, tentará agora inverter este score eleitoral.