Não foi uma saída limpa: Miguel Quintas foi ’empurrado’ pela Iniciativa Liberal do lugar de candidato à câmara de Lisboa. No day after do turbilhão, quando os liberais ainda tentam colar os cacos desta saída atribulada, já se sabe que Ana Pedrosa-Augusto não vai subir a número um da lista e que Cotrim Figueiredo não entrará na corrida. Na IL, candidato procura-se. O líder liberal deu, no entanto, uma garantia: o novo candidato será escolhido a “breve trecho“.

João Cotrim Figueiredo reafirmou esta quarta-feira que houve “uma situação de índole pessoal” que “foi dada a conhecer já após a apresentação do candidato” e que levou ao conhecido fim. O presidente da IL disse ainda que foram acolhidos “os motivos ponderosos que foram expostos” e agradeceu o “trabalho feito pelo Miguel Quintas na preparação de toda a candidatura”. A preparação do programa correu bem, mas falhou o resto. O Observador sabe que esta não era a decisão do empresário e que foi a Iniciativa Liberal que aconselhou Miguel Quintas a sair pelo próprio pé.

Um dos outros sinais que o candidato não saiu apaziguado do partido é que Miguel Quintas também abandonou a militância da Iniciativa Liberal — onde era membro do grupo de coordenação de Lisboa — tal como o Expresso avançou esta tarde e o Observador confirmou.

Sem Miguel Quintas, a IL não abdica, no entanto, de uma candidatura própria. Fonte do partido confirmou que a número dois (a ex-vice-presidente da Aliança, Ana Pedrosa-Augusto) não vai subir a número um e o próprio Cotrim Figueiredo reiterou que não assumirá a candidatura à capital. Contudo, confirmou que “a decisão de não acompanhar a coligação encabeçada por Carlos Moedas se mantém” e que “a breve trecho, será apresentada a solução alternativa”.

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Passaram quatro dias da nega a Moedas seguida da apresentação de Miguel Quintas como cabeça de lista pela IL a Lisboa. Foi na Praça do Município, quando se esperar uma resposta a moedas, que Cotrim Figueiredo aproveitou o momento para anunciar uma “decisão [que] não é fácil, mas é a certa” para o partido. Do lado direito do presidente do partido estava Miguel Quintas, que se apresentou como “um perfeito desconhecido”.

A Iniciativa Liberal, que não tinha perdido tempo e era a única força política de direita fora da megacoligação de Moedas que já tinha candidato, perdeu (quase) tudo em três dias. O Observador noticiou que Quintas já não era candidato e o comunicado que anunciava a retirada de Miguel Quintas da corrida veio do próprio partido e justificava-se com “motivos pessoais”. Nas redes sociais, onde chegou a publicar uma justificação sobre declarações relativas à TAP, o empresário não fez qualquer anúncio e manteve o silêncio.

Iniciativa Liberal fica sem candidato a Lisboa. Miguel Quintas sai, mas liberais mantêm candidatura própria

A curta história de Miguel Quintas como candidato liberal a Lisboa teve uma polémica pelo meio. O empresário defendeu há menos de um ano (a 9 de abril de 2020) que pensar numa nacionalização da TAP “não é de todo descabido” e que “tudo indica que poderá ser uma excelente opção para o desígnio nacional que a empresa tem”. As declarações foram feitas numa entrevista sobre o futuro da companhia publicada na Revista Ambitur e eram alegadamente contrariadas num programa da SIC Notícias.

Num texto de nove pontos, Miguel Quintas, além de falar da TAP como um “buraco descomunal a caminho de mais de 4 mil milhões de euros” do qual “ainda nem se viu o fundo”, apontou armas ao Governo, que acusa de “continuar a insistir no mesmo caminho, sabendo que tal percurso apenas resultará numa ainda maior erosão da riqueza nacional”. Ou seja, argumentou, “caberá a todos nós, contribuintes individuais e empresas, pagar este mesmo erro”.

O candidato liberal recordou as palavras na SIC Notícias — que a IL partilhou com o título “Miguel Quintas expõe as TAPalhadas socialistas” — e insistiu que “não é economicamente responsável meter mais dinheiro da TAP”, tal como diz também não ser “justo para as demais empresas da nossa economia receberem apenas uma mínima fração daquilo que se está a esbanjar com a TAP”. “Pior ainda, o Governo está a fazê-lo, aparentemente apenas por uma questão puramente ideológica”, apontou.

Apesar das incongruências, Quintas deixava claro que a situação da TAP mudou nos últimos meses. “Deveria o Estado assinar um cheque em branco? O nosso Governo pensa que sim e fê-lo. Eu não!”, esclareceu Miguel Quintas, distanciando-se da posição tomada pelo Governo socialista. Defendendo-se das críticas de que foi alvo, Miguel Quintas insiste que “qualquer leitura mais atenta do artigo [da revista Ambitur] perceberá que a lógica é sempre de investimento e retorno, bem na linha de qualquer investidor avisado”.

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