A hipótese de saída de Cristiano Ronaldo já no final da temporada, apesar de ter contrato até junho de 2022 com a Juventus, está a ser colocada de forma insistente pela imprensa italiana, com o Tuttosport a colocar na capa desta quinta-feira uma ideia que nasce no rescaldo de novo insucesso dos bianconeri nos oitavos da Liga dos Campeões: “Refundação”. No entanto, e dentro de uma “divisão interna” explicada pela Gazzetta dello Sport, existem três questões paralelas: 1) o português não é culpado da época que a equipa está a fazer; 2) o impacto da contratação extra aspetos desportivos só não foi maior pela pandemia; 3) quem poderá contratar o avançado este verão?

O gesto “imperdoável”, o registo negativo e a não renovação: o futuro de Ronaldo tornou-se uma incógnita

Esta quarta-feira, o Corriere dello Sport colocava a hipótese de saída do português numa relação onde nem o jogador estaria interessado em continuar depois dos constantes falhanços europeus nem o próprio clube estaria disposto a segurar o seu principal marcador caso houvesse uma outra proposta, olhando não só para a parte mais desportiva mas também numa vertente económica – depois do grande impacto que a contratação do capitão da Seleção teve em 2018, com as receitas a dispararem nos patrocínios, no merchandising, na bilhética e nas próprias audiências, a Juventus apresentou prejuízos de 113,7 milhões de euros no primeiro semestre muito por culpa do impacto da pandemia, o que deverá obrigar a um reajuste orçamental sobretudo na massa salarial, que poderia então começar pelos 60 milhões de euros brutos anuais que o clube acordou com CR7.

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Era nesse contexto que também nesta publicação aparecia a possibilidade Sporting, como última das quatro opções que levantadas. “O PSG pode dar-se ao luxo de realizar uma acordo para além do campo, tornando Ronaldo embaixador do Mundial de 2022 no Qatar. Por outro lado, um regresso ao Real Madrid parece complicado neste momento. Há também as hipóteses Manchester United, que voltou a níveis competitivos elevados, e Inter Miami, onde David Beckham já disse estar à procura de ‘um Messi ou um Ronaldo’. Ainda o seu primeiro clube, o Sporting, que se prepara para vencer o Campeonato e voltar à Liga dos Campeões. É uma hipótese difícil de acontecer, ainda que voltar ao seu Estádio José Alvalade, onde começou a caminhada rumo a cinco Champions e cinco Bolas de Ouro, fosse um final bem-vindo para Ronaldo”, escreve o Corriere dello Sport. Problema: o salário.

Agora é o Tuttosport que avança com a informação, na mesma base em termos de razões para uma saída que pode ser antecipada para este verão mas com apenas “três possíveis destinos”: PSG, Manchester United e Sporting. No entanto, o Observador sabe que esse é um cenário que não se coloca e que, quando regressar a Portugal e a agenda assim o permitir, Ronaldo irá a Alcochete mas para marcar presença na cerimónia em que dará nome à Academia do clube em Alcochete, como já tinha ficado definido em setembro do último ano. E se o Sporting é uma porta fechada (em termos desportivos e a curto prazo), PSG e Manchester United terão agora outras prioridades.

A Gazzetta dello Sport faz uma análise mais abrangente em relação à situação de Ronaldo em Turim, falando num casamento “onde algo não deu certo” olhando para os resultados na Liga dos Campeões e argumentando que nunca houve um meio termo entre a vontade de explorar o efeito CR7 montando uma equipa à sua volta de a renovação do plantel tentando cumprir o rigor financeiro. “Trouxe benefícios comerciais inegáveis (fala-se de um efeito de cerca de 100 milhões de euros nas receitas do clube) mas também afetou o resto do mercado e a situação tornou-se ainda mais complexa durante a pandemia (…) No entanto, é difícil imaginar uma despedida precoce até porque neste momento não parece haver clubes dispostos a pagar-lhe tal salário. Portanto, salvo alguma reviravolta, CR7 e a Vecchia Signora permanecerão unidos até ao fim”, aponta a publicação sobre uma eventual saída.

Que o plantel vai sofrer uma reformulação, ninguém tem dúvidas. E o lote de jogadores que estão seguros para a próxima temporada resume-se aos mais novos, como Chiesa, De Ligt, McKennie, Kulusevski, Arthur e Betancur, e aos imprescindíveis como Szczesny, Bonucci ou Cuadrado (e Buffon e Chiellini, caso queiram continuar no ativo). Andrea Pirlo é uma das poucas peças certas, numa garantia deixada pelo próprio presidente, Andrea Agnelli, mas até na própria estrutura do futebol poderão existir alterações. Nomes como Dybala, Bernardeschi, Danilo, Ramsey ou Morata são ainda incógnitas. Tal como Ronaldo. Mas o projeto desportivo vai mesmo mudar. E as críticas à opção de Agnelli continuam, agora pelo antigo presidente Giovanni Cobolli. “Contratar Ronaldo foi um erro absoluto. Disse-o desde o primeiro dia. É um grande jogador, um campeão, mas demasiado caro. Agora está tudo nas mãos da Juventus, que lhe paga um milhão de euros por cada golo que marca. A Juventus precisa de uma reconstrução e deveria prescindir de Cristiano Ronaldo no final da época”, comentou à rádio Punto Nuovo.