André Silva vai deixar a liderança do PAN e o lugar de deputado na Assembleia da República em junho, confirmou o partido ao Observador. Num e-mail enviado aos militantes este domingo, revelado inicialmente pelo jornal Público, o porta-voz do partido revelou que pretende “apanhar o comboio da paternidade” e “equilibrar a vida pessoal e familiar com a vida profissional”, depois de ter abdicado de “muito a nível pessoal”. Depois de seis anos no Parlamento e de mais de seis anos à frente do partido, André Silva fecha um ciclo por defender que “as pessoas não devem eternizar-se nos cargos”. O partido já reagiu à saída e fala num “novo cliclo” dentro do PAN.

“Volvidos vários anos de intenso trabalho e de uma magnífica experiência cívica e pessoal, decidi não me recandidatar aos órgãos nacionais do partido”, anuncia na carta que partilhou na página de Facebook. André Silva afirma que, após vários anos como porta-voz do partido, está “profundamente orgulhoso” do trabalho feito e continua a acreditar na “mudança” e na “capacidade única” do PAN para a afirmar, numa referência a temas como “a colocação dos direitos dos animais e do combate à crise climática como prioridades do debate político, e a afirmação dos direitos sociais das pessoas fora dos arcaicos preconceitos do divisionismo esquerda/direita”.

https://www.facebook.com/andresilvaPAN/posts/2814730882098172

A saída de André Silva coincide com o momento do congresso do PAN, que se realiza a 5 e 6 de junho, e onde não se vai recandidatar a um novo mandato na comissão política nacional do partido. “Vou-me embora tendo presente o patamar de notoriedade atingido pelo partido, bem como as aptidões de ação política e de disputa eleitoral autónoma que adquiriu nos últimos anos”, escreve o deputado, que optou por sair a meio da legislatura, “cumprindo assim meia legislatura e fechando um ciclo pessoal e da vida do partido”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Regressarei à minha condição de filiado de base e continuarei a dar a este nosso coletivo partidário o contributo que estiver ao meu alcance e que entender ser desejável e relevante ao partido e à sociedade. A minha saída não abala a confiança que tenho no PAN enquanto coletivo partidário, nem deve abalar a vossa!”, afirma o porta-voz do PAN.

André Silva entrou no PAN em 2012, é porta-voz nacional do partido desde 26 de Outubro de 2014 e foi eleito deputado em outubro de 2015 e em 2019. Agora, vai ser substituído no Parlamento por Nelson Silva, que já esteve no lugar de André Silva quando esteve de licença de parentalidade.

PAN despede-se de “porta-voz inspirador” com “profundo agradecimento”

O PAN já reagiu à saída do líder do partido, com uma mensagem de “profundo agradecimento” e “com a certeza de que o André continuará a fazer a diferença no PAN e no panorama político e social do nosso país”.

https://www.facebook.com/PANpartido/posts/3922881824439550

“A vida dos partidos faz-se de grandes momentos nos pequenos passos do dia-a-dia. No PAN, a nossa vida e o nosso quotidiano contaram durante 7 anos com o nosso André Silva, um porta-voz digno, convicto, compassivo, emocional e emocionante, inspirador e determinado nas suas visões. Uma pessoa que soube, ao lado e a par do trabalho das pessoas filiadas e estruturas do partido, colocar na agenda política assuntos até então completamente ignorados pelos outros partidos”, escreveu o partido nas redes sociais.

Na publicação, o partido pede ainda que, com o congresso à porta, os militantes reflitam sobre o “novo ciclo político”, algo que diz ser “natural e saudável dentro da construção democrática dos partidos”.

“Já vai tarde”, diz a deputada Cristina Rodrigues

A deputada Cristina Rodrigues, que foi eleita pelo PAN mas acabou por se desvincular do partido, usou o Twitter para reagir à saída de André Silva da liderança. “Já vai tarde. Se mais alguns sairem pode ser que o PAN volte a ser um partido livre e plural”, escreveu.

A agora deputada não-inscrita era coordenadora do gabinete jurídico do PAN e integrava a comissão política do partido. Na altura, disse, em declarações à agência Lusa, que tomou a decisão “após ter dado tanto ao partido” w assegurou que saiu para porque “poderia vincar ainda mais as divergências existentes e ser mais prejudicial para o partido, para mim e para as causas com que continuo a identificar-me”.