O governo brasileiro anunciou esta segunda-feira que contratou um total de 562,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 a vários laboratórios, a serem entregues este ano, entre eles 138 milhões das farmacêuticas Pfizer/BioNTech e Janssen.
Segundo o anúncio feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foram contratadas cem milhões de doses do imunizante da Pfizer e outras 38 milhões da Janssen (subsidiária europeia da Johnson & Johnson). De acordo com o cronograma apresentado pelo governante, serão entregues pela Pfizer um milhão de doses até ao final de abril, 2,5 milhões em maio, dez milhões em junho, outros dez milhões em julho, 30 milhões em agosto e 46,5 milhões de doses até ao final de setembro. Já a Janssen entregará 16,9 milhões de doses do imunizante no terceiro trimestre e 21,1 milhões no quarto trimestre deste ano.
Além destas duas vacinas, o executivo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, recordou ainda os contratos anteriormente firmados com os laboratórios AstraZeneca/Oxford, Sinovac, CovaxFacility, BharatBiotech e Gamaleya, que totalizam 562.911.800 doses contratadas pelo Brasil.
“Óbvio que temos mais vacina do que brasileiros, mas essas vacinas mantêm-se na validade para 2022. E nós temos que ter estoque. Nós não podemos contar com 100% das entregas. Há oscilações”, afirmou, em conferência de imprensa, o ministro da Saúde do Brasil, país com 212 milhões de habitantes.
Pazuello frisou que as recentes contratações foram realizadas após o Congresso brasileiro ter aprovado um projeto de lei que facilita a compra de imunizante por parte da União, Estados, municípios e empresas.
O antídoto da Pfizer é o único com registo definitivo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil. As outras vacinas avaliadas pela Anvisa, como a da CoronaVac e de Oxford, e que estão atualmente a ser aplicadas no país, receberam apenas a autorização para uso de emergência.
Pazuello aproveitou a conferência de imprensa para confirmar que Bolsonaro “está em tratativas” para reorganizar o Ministério da Saúde, incluindo uma troca do próprio ministro. “O Presidente está na tratativa de reorganizar o Ministério. Até lá, continuo no cargo. O Presidente está pensando em substituição, está pesquisando nomes. É um processo de continuidade, não há rutura. Faremos a transição em continuidade”, garantiu Pazuello. O ministro admitiu, porém, que não pedirá demissão. “Isto é sério! É o país, é a pandemia, é salvar vidas. Não pedi para ir embora, nem vou pedir. Estamos a trabalhar. Qualquer substituição, cabe ao Presidente. É com muito orgulho que estou à frente desta pasta, cumprindo esta missão”, frisou o governante.
General do Exército, Pazuello tomou, em setembro de 2020, posse como ministro da Saúde, após quatro meses a liderar interinamente a tutela durante a pandemia da Covid-19 no país. Pazuello tornou-se assim o terceiro ministro da Saúde de Bolsonaro, após os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich saírem do cargo devido a divergências com o chefe de Estado no combate à Covid-19.
Nesta segunda-feira, a cardiologista Ludhmila Hajjar confirmou que foi convidada por Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde no momento mais crítico da pandemia, mas rejeitou o cargo por falta de “convergência técnica”.
O Brasil, que totaliza 11.483.370 casos e 278.229 mortes devido à Covid-19 e que enfrenta agora o momento mais crítico da pandemia, tem vários hospitais em colapso e novas estirpes do vírus em circulação, o que levou governadores e prefeitos a decretar medidas restritivas de isolamento social, ao contrário do que defende Bolsonaro.