Artigo em atualização

O líder do PS abriu uma reunião da Comissão Nacional do partido com uma espécie de manual para o combate eleitoral que se segue: as autárquicas. E as regras passam por “combater pandemia, recuperar o país e preparar o futuro”, mas também para aproveitar os fundos europeus para alicerçar programas eleitorais. António Costa esteve vários minutos da intervenção a chamar a atenção para o Programa de Recuperação e Resiliência e de como “metade das verbas do programa são elegíveis para programas de âmbito municipal”. Depois passou ao ataque aos adversários à direita que acusa de não terem “uma ideia que seja”, garantindo aos portugueses que não se distrairá com autárquicas.

Na parte aberta da intervenção, PSD e CDS foram os únicos alvos de ataque de Costa nesta preparação das autárquicas que começa agora no PS. A esquerda não foi mencionada uma única vez neste discurso inicial onde o líder socialista apenas diz ter visto Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos juntos para “anunciarem uma grande coligação”, mas que “só tinha um objetivo: atacar o PS e enfraquecer o Governo”.

Aos socialistas que o ouviam — a maioria à distância — a partir do Centro da Esquerda (o espaço do centro de formação política do PS em Lisboa), disse que o PS não entra nesta corrida eleitoral “contra ninguém, mas para Portugal e pelos portugueses” e disse mesmo aos portugueses que “podem estar tranquilos, porque o PS não se distrai, não confunde o seu objetivo e prioridades. E isso não é combater o CDS ou  o PSD ou quem quer que seja”, disse ainda convencido de que “a última coisa que os portugueses querem ouvir falar é de jogadas políticas”.

Aqui o recado também segue para dentro do partido, onde ainda persistem guerrilhas locais por candidaturas autárquicas — como no Porto, por exemplo — que Costa diz querer sanadas rapidamente: “As autárquicas para o PS não são um momento de jogada política, mas um momento fundamental para dar forças às autarquias, para poderem ser agentes ativos da recuperação económica do país”.

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O congresso, que se realiza a 10 e 11 de julho, servirá, assim definiu o líder, para preparar o congresso e centrado na “definição destas políticas” e no lançamento de candidaturas socialistas com “uma linha comum”, que é estarem “focadas na recuperação do país, na proteção das pessoas, no combate às alterações climáticas e de acordo com a estratégia de recursos e investimento para a próxima década”.

Nessa altura quer uma “mobilização muito ativa” para atingir o objetivo eleitoral de “continuar a ser o maior partido autárquico ao nível municipal e das freguesias”. O “grande objetivo político”, disse mesmo António Costa, é o PS “continuar a ter as melhores políticas e os melhores políticos para servirem as população e as suas terras em todo o país”.

E isto numa altura sensível, em que convida de forma quase direta os candidatos e atuais autarcas a aproveitarem o que o Programa de Recuperação e Resiliência traz — a primeira metade do discurso foi toda sobre isto — para ajudar as autarquias a apresentarem trabalho “seja nos equipamentos (nos centros de saúde e escolas), nas novas respostas sociais às populações, no desenvolvimento económico, no combate às alterações climáticas ou à pobreza”. E isto porque os autarcas “não são só fundamentais para combater a pandemia, mas para recuperar o país”, já que a execução do plano “depende exclusivamente das autarquias locais”. O tal “meter as mãos à obra” para recuperar o país, de que Costa tanto falou neste primeiro discurso sobre o combate autárquico que não quer que seja um combate embora seja por aí que comece as investidas junto da direita.