O Governo está disponível para estudar e apoiar o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 criada pela biotecnológica Immunethep, sediada em Cantanhede, bem como uma unidade para a sua produção, afirmou esta segunda-feira ministra da Coesão Territorial.

“O que estivemos a fazer foi a tentar perceber de que modo o Governo poderia apoiar esta empresa, de que modo o Governo se pode organizar para apoiar a fase de ensaios clínicos da Immunethep, que envolve 20 milhões de euros“, disse Ana Abrunhosa, que falava aos jornalistas após uma reunião com a empresa e com a Câmara Municipal de Cantanhede. A ministra salientou que a biotecnológica está a “concluir os ensaios pré-clínicos, que estão a correr bem, segundo informação da empresa”.

Ana Abrunhosa recordou que o apoio recebido pela empresa, até ao momento, foi “modesto face às atuais necessidades” (250 mil euros a fundo perdido através do programa operacional regional).

Saímos muito entusiasmados, porque temos uma empresa que já deu passos importantes no sentido de desenvolvermos uma vacina. Nos países onde temos produção de vacinas, os países ajudaram todos essas empresas e não estamos a falar de 20 milhões. Estamos a falar de centenas de milhões de euros. Vamos ainda estudar tecnicamente o dossiê, mas, das informações que temos, parece-nos que o projeto tem condições para dar o passo seguinte”, afirmou.

Segundo Ana Abrunhosa, já foram marcadas reuniões com outros membros do Governo e o projeto terá ainda de ser avaliado do ponto de vista técnico. “O que vamos fazer a seguir é estudar um conjunto de informação técnica que nos dê a segurança de que precisamos. Depois, haverá uma candidatura e será analisada”, esclareceu, reforçando que a meta de a vacina estar pronta em 2022 “é realista”.

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A ministra explicou que o projeto do desenvolvimento da vacina poderá ser apoiado quer através de fundos dos programas regionais ou de programas nacionais do Portugal 2020. Também em cima da mesa esteve a discussão sobre a criação de uma unidade de produção de vacinas, que poderá depois candidatar-se aos fundos do próximo quadro comunitário.

Era importante termos este sinal de apoio do Governo, que nos permite mais facilmente reunir os apoios privados e saber como nos orientarmos dentro daquilo que são os diferentes mecanismos que o Governo tem à disposição para apoiar projetos como o nosso”, sublinhou o diretor-executivo da Immunethep, Bruno Santos.

Em fevereiro, o responsável da biotecnológica afirmou que a vacina poderia estar pronta para entrar no mercado em 2022, mas que para isso necessitava de investimento estatal.

A vacina apresenta “algumas características diferenciadoras“, sendo que, ao contrário das da Moderna e da Pfizer que identificam apenas uma parte importante do vírus, uma proteína, a da Immunethep usa “o vírus como um todo”, o que a torna mais abrangente perante variantes do novo coronavírus.

Por outro lado, como a vacina será administrada por inalação, permite uma “maior proteção dos pulmões, que é onde entra o vírus“, e uma maior facilidade na sua distribuição e administração, por não exigir “nem temperaturas negativas nem um profissional de saúde que saiba administrar por via intramuscular”, aclarou, na altura, Bruno Santos.

Para além da vacina, a empresa também já anunciou a possibilidade da criação de uma unidade de produção de vacinas em Cantanhede, num investimento de cerca de 80 milhões de euros ao longo de três anos, e a criação de até 300 postos de trabalho.