A Seat aproveitou a conferência de imprensa que realiza anualmente para fazer vários anúncios relativos à sua estratégia futura. O plano, denominado “Future Fast Forward”, pretende destacar Espanha no mapa da electrificação do Grupo Volkswagen e posicionar a marca espanhola como um player relevante na mobilidade eléctrica acessível. Daí que a fábrica da Seat se prepare para produzir 500.000 veículos eléctricos por ano  (exactamente o mesmo volume que fabricou em 2019, de modelos com motores de combustão) e o construtor antecipe, desde já, a entrada no segmento dos veículos eléctricos citadinos, com dimensões próximas do Mii, ao anunciar o lançamento de um modelo a bateria e de vocação urbana que se posicionará numa faixa de preços entre 20.000€ e 25.000€.

Quanto a esse automóvel pouco se sabe, excepto que chegará dentro de quatro anos com a ambição de “tornar a mobilidade sustentável acessível à população de forma massiva e alcançar os objectivos do Green Deal”. É-lhe reconhecido um enorme potencial em termos de volume e a Seat não hesita em posicioná-lo como “o motor da transformação da indústria automóvel espanhola”. Contudo, o local onde será produzido ainda está em aberto, esperando-se que a decisão final seja divulgada nos próximos meses.

Estes planos já tinham sido “ventilados”, mas foram agora confirmados oficialmente, apontando datas concretas e exercendo alguma pressão sobre o Governo espanhol e a própria Comissão Europeia. O recado partiu do presidente da Seat, Wayne Griffiths:

Queremos fabricar veículos eléctricos em Espanha a partir de 2025. A nossa intenção é produzir mais de 500.000 automóveis eléctricos urbanos por ano em Martorell também para o Grupo Volkswagen, mas precisamos de um compromisso claro por parte da Comissão Europeia.”

Porém, embora Martorell se prepare para se transformar num centro de produção de veículos eléctricos, nada ainda é dado como garantido. “Elaborámos o plano, temos os parceiros certos e, de um modo geral, estamos prontos para investir (…) É necessário o apoio do Governo espanhol e da Comissão Europeia neste plano transversal e nacional, para que o Grupo Volkswagen possa tomar a decisão final sobre a sua execução”, reconhece o presidente da Seat.

De recordar que, em 2019, o conglomerado germânico delegou na Seat a responsabilidade de desenvolver a arquitectura para modelos eléctricos dos segmentos A e B (citadinos e utilitários), convertendo a plataforma MEB numa espécie de MEB “lite”, chamemos-lhe assim, capaz de servir de base a modelos como o Volkswagen ID.1 e ID.2, para rivalizar com propostas como o Peugeot e-208, Opel Corsa-e ou Mini Cooper SE, por exemplo.

No início deste mês, um alto quadro do grupo alemão atirou para 2025 a chegada ao mercado desses eléctricos mais pequenos e, por isso, mais acessíveis. A programação vai ao encontro da estratégia agora comunicada pela Seat, que certamente saberá que a Skoda também está a movimentar-se para atrair para a República Checa a produção dos eléctricos de pequeno e médio porte do Grupo VW. Dado o timing, parece que os espanhóis não pretendem ficar de braços cruzados.

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