O Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, prometeu esta terça-feira que o país vai adquirir equipamento adequado para evitar a repetição do incidente que bloqueou o Canal do Suez durante quase uma semana.
Abdel Fattah al-Sissi falava em Ismailia, sede da Autoridade do Canal do Suez (SCA, na sigla em inglês), um dia depois de ter sido desencalhado o porta-contentores Ever Given que bloqueava o canal, permitindo o recomeço do tráfego.
Navio gigante já desencalhou no Canal do Suez. Tráfego retomado uma semana depois
“Vamos adquirir todos os equipamentos necessários para o canal” para evitar incidentes semelhantes, assegurou.
“A crise mostrou a que ponto o canal é importante para o mundo”, adiantou o presidente, considerando que não existe uma alternativa à via, que liga o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho e por onde passa cerca de 10% do comércio mundial.
Durante os dias em que foi impossível transitar pelo Canal do Suez, que encurta em vários dias a viagem marítima entre a Ásia e a Europa, algumas embarcações decidiram seguir a rota que contorna África pelo Cabo da Boa Esperança e a Rússia aproveitou para propor como alternativa a rota do Ártico.
No total, 422 navios aguardavam na segunda-feira que o Canal do Suez fosse desbloqueado para seguirem viagem. As equipas técnicas conseguiram pôr o Ever Given a flutuar depois do meio-dia e as primeiras embarcações puderam começar a circular por volta das 18 horas locais (17 horas em Lisboa).
Esta manhã, segundo sites de visualização do tráfego marítimo, alguns dos navios que circulavam no canal eram de tamanho semelhante ao daquele porta-contentores, ou seja, mais de 200.000 toneladas e 400 metros de comprimento. Mas dezenas de navios continuavam à espera nas duas extremidades da via, com cerca de 190 quilómetros de comprimento.
Numa conferência perante Abdel Fattah al-Sissi, o presidente da SCA, o almirante Osama Rabie, disse que 113 embarcações atravessaram o canal entre as 18 horas de segunda-feira e as 8 horas desta terça-feira. O engarrafamento deverá levar três a quatro dias a ficar resolvido, segundo as autoridades.
Ventos fortes e uma tempestade de areia foram apontados inicialmente como o que levou o Ever Given a ficar atravessado no canal, embora o almirante Osama Rabie tenha levantado depois a possibilidade de “erros humanos ou técnicos”. As operações de desencalhe exigiram mais de dez rebocadores, bem como dragas para escavar o canal.
“Entre 180 e 200 pessoas trabalharam incansavelmente 24 horas por dia” no local e até “2.000 trabalhadores” forneceram “serviços externos”, disse um funcionário da SCA que não quis ser identificado à agência France Presse.
O valor total dos bens bloqueados ou que utilizaram outra rota difere segundo as estimativas, oscilando entre três e mais de nove mil milhões de dólares (2,5 mil milhões e 7,6 mil milhões de euros).
Segundo a SCA, o Egito perdeu entre 12 milhões e 15 milhões de dólares (10 milhões e 12,7 milhões de euros) por cada dia que o canal esteve encerrado.