O FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica tem regresso marcado entre os dias 1 e 16 de maio com um programa misto, que inclui 14 espetáculos presenciais, 10 online, 7 estreias absolutas e outras tantas nacionais. A programação da 44.ª edição do festival, apresentada esta terça-feira, gira em torno da ideia de sustentabilidade em vários eixos: ambiental, política, individual, afetiva, sexual e mental. “Fomos ao encontro de discursos de resistência, que questionavam e questionam o status quo lançando alternativas a modelos vigentes, procurando também ser sensíveis às questões da normatividade e da marginalização”, explica o diretor artístico Gonçalo Amorim.

No rol de novidades está o lançamento da plataforma FITEI Digital, “pioneira nas plataformas de streaming dedicadas ao teatro em Portugal, onde, além dos espetáculos que integram a programação online, estarão disponíveis para visualização diversos conteúdos complementares em constante atualização”. “Para a edição de 2021 mantivemos todas as obras previstas, assim como os seus eixos temáticos, acrescentando algumas obras novas e umas quantas novidades”, sublinha o diretor artístico.

Em plena pandemia, este novo palco digital inaugura no dia 1 de maio com o espetáculo “Estado Vegetal”, da dramaturga chilena Manuela Infante, que propõe um diálogo impossível entre seres humanos e plantas. “Amarillo” é outra estreia nacional que consta do calendário, assinada pela companhia mexicana Línea de Sombra que em palco reflete sobre as fronteiras físicas e mentais que separam o México dos Estados Unidos da América.

Resultado de uma residência artística no FITEI em 2019, “Reconciliação” é uma entrevista transatlântica onde os protagonistas Alexandre Dal Farra e Patrícia Portela falam dos gestos de reconciliação entre Portugal, Brasil e África. Vinda diretamente do Brasil, pronta a explorar a sustentabilidade da intimidade, Renata Carvalho narra a construção social e imagética do corpo transgénero, a sexualização, os estereótipos, a transfobia natural, a criminalização ou a violação, num trabalho intitulado “Manifesto Transpofágico”.

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“Luto”, de André Braga e Cláudia Figueiredo, da companhia Circolando, estará em cena em Gaia nos dia 4 e 5 de maio

“Artaud”, do argentino Sergio Boris, construído a partir das cartas de Artaud ao seu psiquiatra e “O Dia da matança na história de Hamlet”, de Koltés, uma encenação de António Júlio para o Teatro Experimental do Porto que questiona a vontade de Hamlet para vingar a morte do pai, são dois exemplos de obras que representam a sustentabilidade mental, outro dos pontos que cruza diferentes espetáculos do festival.

O FITEI estabeleceu uma nova ponte com Viseu, mais precisamente com o Teatro Viriato, onde serão ainda transmitidos online “Noite Fora”, um projeto onde Sónia Barbosa que convida a artista Janaína Leite para um ciclo de leituras e conversas sobre teatro, mas também uma conferência onde vários artistas contam a sua história na dança.

A programação presencial  arranca, pela primeira vez, em Viana do Castelo, no Teatro Municipal Sá de Miranda, com os espetáculos “Qué locura enamorarme yo de tí”, da escritora e jornalista peruana Gabriela Wiener, encenado por Mariana de Althaus, que abre as portas à sua vida familiar poliamorosa em plena crise de casais e “Santa Inés”, da companhia galega Feroz, que parte da lembrança das visitas ao Convento das Clarissas, em Santiago de Compostela, para uma peça sobre a liberdade, a obediência, a violência e o misticismo.

As propostas nacionais vão dividir-se entre os palcos do Rivoli, Teatro do Campo Alegre, Teatro Nacional S. João, Teatro Carlos Alberto ou Mala Voadora, no Porto, no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia ou no Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos. Há destaques como “Mappa Mundi”, de Joana de Verona e Eduardo Breda, “Rottweiller”, de Ricardo Simões, “Luto”, da companhia Circolando, ou “Gatilho da Felicidade”, de Ana Borralho e João Galante.

“Gatilho da Felicidade” é a peça que vai poder ver online, gratuitamente, a partir do dia 3 de maio

“No universo das estreias, “Regresso do Futuro”, de Igor Gandra, é uma coprodução entre o Teatro do Ferro e o Teatro de Marionetas do Porto, onde as companhias portuenses laboraram em conjunto para construir uma máquina-do-tempo em que se imagina uma tentativa de ressuscitar o poeta Maiakovski. Já “Estrada de Terra”, de Tiago Correia, da estrutura A Turma, é uma peça com linguagem violenta e sem filtros, que apresenta a tragédia de uma geração que se busca pela autenticidade numa sociedade decadente.

À semelhança das edições anteriores, a programação abre uma vez mais as portas aos atores em formação através da secção “O FITEI e as Escolas do Porto”, que contará com espetáculos do balleteatro, Escola Superior Artística do Porto e a Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, workshops presenciais e masterclasses onine.

Os preços dos bilhetes começam nos 3,50€. Veja aqui toda a programação.