Foi um dos primeiros eventos grandes em tempos de pandemia e vai repetir-se este ano: a Festa do “Avante!”, o maior evento anual do calendário do PCP, “já está em preparação”, anuncia a edição desta quinta-feira do Avante!, o órgão oficial de informação do partido. Com “confiança”, o PCP está agora concentrado em preparar uma edição que voltará a dar prioridade aos artistas portugueses, como forma de apoiar o setor da Cultura.
No texto incluído na edição digital do Avante!, o PCP explica que é precisamente a “organização reconhecidamente exemplar da edição do ano passado” — o partido foi muito criticado por organizar um evento que recebe milhares de pessoas em tempos de pandemia, mas seguiu à risca as indicações sanitárias — que permite “encarar com confiança a próxima”, que está marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro. “Num recinto de 30 hectares totalmente ao ar livre, serão cumpridas todas as normas e recomendações de modo a garantir a segurança sanitária”, garante o partido.
Nesta altura, decorrem “os habituais trabalhos de manutenção do terreno e dos equipamentos, envolvendo não só a equipa central da Festa mas também alguns militantes”, adianta o PCP, no final de uma semana que foi “uma jornada de afirmação” da festa — desde sábado que os militantes estão a distribuir folhetos, pintar murais, afixar cartazes e espalhar informação online sobre o evento.
A Festa é um momento particularmente importante para os comunistas — é o evento que marca a rentré do partido, depois do verão, e este ano será também dedicada a celebrar o centenário do PCP — mas desta vez assume um relevo diferente, sendo usada como uma espécie de prova viva do discurso dos comunistas sobre a pandemia. É isso mesmo que o texto faz, frisando que a realização da festa em 2020 foi “essencial para derrubar muitos dos mitos que foram sendo construídos a propósito (e a pretexto) da epidemia”, para provar que “o desalento não é inevitável” e que “é sempre possível a alegria” — mas sobretudo que “o exercício de direitos políticos e a fruição da cultura não só não ameaçam a saúde como, inversamente, constituem elementos essenciais de uma vida plena”.
Se a capacidade de organização dos comunistas é sempre salientada nestas ocasiões, o próprio PCP puxa por essa fama para defender que com o evento do ano passado se deixou claro que “com organização, criatividade e determinação, não há obstáculos intransponíveis”: “(A festa) abriu caminho a outras realizações, que paulatinamente foram tendo lugar. Constituiu, pelo exemplo prático, uma magnífica resposta à situação do País, mostrando ser possível e necessário que a vida retome o seu caminho”, insiste o PCP.
Desta vez, e de novo com o festival político e musical agendado para um ano de pandemia, o PCP volta a escolher os artistas com o critério do ano passado, lembrando que alguns tiveram ali a “sua única atuação do ano”. “A programação, tal como em 2020, privilegiará os espectáculos de artistas portugueses (concebidos com a integração de convidados), os estrangeiros radicados em Portugal e os originários dos países africanos de língua portuguesa. Não é possível à Festa do Avante! e ao Partido que a promove manterem-se indiferentes ao momento de especial dificuldade que os artistas, técnicos, programadores, agentes e todos estão a passar”, explica o “Avante!”.
No ano passado, os comunistas anunciaram, a menos de um mês da festa, um corte na lotação para um terço — a capacidade licenciada do espaço da quinta da Atalaia seria de 100 mil pessoas, pelo que passariam a poder estar presentes, em simultâneo, 33 mil pessoas; mas como o partido nunca anuncia quantas pessoas passaram efetivamente pelo evento, não foi possível perceber qual a dimensão real do corte. No entanto, a direção-geral da Saúde reduziu depois a lotação máxima em simultâneo para 16 mil pessoas, com obrigatoriedade de ocuparem lugares sentados para assistir aos espetáculos e alterações ao horário de entrada para evitar congestionamentos.