Rebobinemos o filme: quando não completou em 2019 o Grande Prémio da Grã-Bretanha, após ser abalroado por Johann Zarco a 11 voltas do final, Miguel Oliveira quebrou uma série de 35 provas consecutivas sempre a acabar as provas que vinha desde o Moto2 em 2017. Em 2020, levou um toque de Brad Binder no pneu traseiro e sofreu uma queda na Andaluzia, foi de novo ao chão na Áustria por uma mudança de trajetória muito discutível de Pol Espargaró e “cedeu” apenas na Catalunha a seis voltas do final, quando quis arriscar um pouco mais mas acabou por cair e não acabar a corrida. “Fiável” foi sempre a melhor palavra para descrever o português. E essa foi a nota negativa de um fim de semana no Algarve que foi quase o oposto daquele que conseguiu no ano passado.
Depois de ter sofrido uma queda numa das últimas voltas lançadas da Q2 e quando levava os melhores tempos por setor, o que fez com que saísse da décima posição, o piloto da KTM voltou a ver a corrida condicionada por mais uma queda, desta feita na travagem para a curva 14 do Autódromo Internacional do Algarve. Apesar das várias desistências, Miguel Oliveira não conseguiu sequer chegar aos pontos (16.º lugar) e no final mostrou-se visivelmente desiludido pelo resultado obtido na terceira prova da temporada, a primeira na Europa.
“É um resultado duro de aceitar por diversos motivos. Por ser um Grande Prémio de casa, por ser uma boa oportunidade para atingirmos um bom resultado, acima de tudo por ter sido uma queda motivada por algo que não consigo controlar, que é a temperatura do pneu dianteiro. É difícil aceitar o resultado, é um momento difícil para a equipa e para mim. As expectativas passavam por dar a volta aos primeiros resultados da época aqui em Portimão e isso não foi possível. Saímos um pouco amassados mas de cabeça erguida para o próximo objetivo. Estive nove dias no Qatar e não caí nenhuma vez, aqui tive duas quedas motivadas pela fraca sustentabilidade do pneu. Não há culpas a atribuir, temos de adaptar o set up da mota para utilizar estes pneus. Há que focar na solução e não nos problemas. Vamos olhar para Jerez com esperança”, disse à Sport TV.
“Sinto que estamos todos em sintonia e tenho uma equipa muito forte ao meu redor. Fizemos um bom fim de semana, logo na sexta-feira percebemos que seria difícil ter as sensações do ano passado e a equipa deu-me uma mota para batalhar na corrida o melhor possível. O tempo do quarto treino foi bom mas foi sem motos à frente e com menos dez graus. Este pneu para nós é complicado mas é o que temos… A competição é feita de altos e baixos, o importante é sabermos reerguer-nos. Senti muito apoio de casa, de todos os portugueses, e é com esse apoio que vou reerguer-me e conquistar bons resultados”, acrescentou, colocando o foco na próxima prova.
Também Mike Leitner, diretor da KTM, assumiu a desilusão pelo resultado de Miguel Oliveira, apesar de ter visto o sul-africano Brad Binder conseguir um positivo quinto lugar numa corrida marcada pela regularidade.
“O Miguel fez um grande trabalho no fim de semana. Trabalhámos muito para nos adaptarmos com a situação dos pneus. Ele esteve na Q2 e as quedas podem acontecer. Estava no tráfico, numa fase em que todos estão a tentar ser agressivos, ganhas e perdes posições… Quando começou a puxar pelo ritmo acabou por cair. O Miguel [Oliveira] não conseguiu mas no ano passado mostrou o que pode fazer. Resta-nos trabalhar e tentar dar resultados. Estamos felizes pelo [Brad] Binder mas não pelo Miguel. No ano passado ganhámos e este ano fomos quintos. Estamos aqui no MotoGP para alcançar coisas importantes e vamos manter-se unidos para fazer uma moto boa para os nossos rapazes”, comentou o responsável da equipa austríaca.