O Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, acusou o Ministério da Saúde do país de “negligência” e de promover a “impunidade” por ter permitido que material médico ficasse fora de prazo, acabando por ser incinerado.
O CIP assinala que a vice-ministra da Saúde, Lídia Cardoso, “ordenou que fossem retirados e incinerados no mais curto espaço de tempo milhares de materiais fora de prazo, para se ganhar mais espaço em armazém”.
A existência de produtos fora de prazo e em desuso no Armazém Central de Medicamentos é um claro indício de que os processos de planificação e distribuição de artigos ou materiais são deficientes”, refere uma análise que o CIP divulgou hoje.
O CIP critica o facto de nenhum “dirigente” do Ministério da Saúde ter sido responsabilizado “por esta negligência que causou prejuízos ao Estado”.
Citando documentos oficiais daquela entidade estatal, a organização avança que no armazém da Saúde em Maputo deterioram-se rolos de esterilização de diversos tamanhos, avaliados em mais de 13,2 milhões de meticais (177.800 euros), 50 mil tubos endotraqueais (dispositivo invasivo para ventilação), orçados em dois milhões de meticais (28.000 euros), e mais de 348 mil braceletes avaliadas em 1,6 milhões de meticais (21.500 euros).
Para se evitar a repetição de casos de perda de material médico por deterioração, o CIP defende a capacitação e recrutamento de recursos humanos qualificados para garantirem a “otimização dos processos, evitando prejuízos materiais e financeiros”.
Por outro lado, é preciso melhorar a “captação da informação sobre a entrada de artigos e produtos médicos, atualização e gestão de ‘stock’, bem como o acompanhamento da mercadoria para melhor controlar os padrões de qualidade do material e equipamento”. O CIP advoga ainda um processo mais eficaz na identificação das necessidades de cada unidade de saúde.
A Lusa tentou, mas não conseguiu obter uma reação do Ministério da Saúde às acusações daquela organização da sociedade civil.