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Darwin é tudo menos uma história da Carochinha (a crónica do Portimonense-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Encarnados estiveram mal na primeira parte e quase demolidores na segunda: a diferença, de forma literal, foi Darwin. Uruguaio marcou, mexeu com o jogo e está a voltar ao melhor que já mostrou.

O avançado uruguaio entrou ao intervalo para o lugar de Gabriel
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O avançado uruguaio entrou ao intervalo para o lugar de Gabriel

O avançado uruguaio entrou ao intervalo para o lugar de Gabriel

Depois de seis vitórias consecutivas e oito jogos seguidos sem sofrer golos, o Benfica parecia estar em franca recuperação depois do período conturbado que a equipa viveu no início do ano e com o surto de Covid-19. De repente, e com o percurso do FC Porto na Liga dos Campeões a prolongar-se um pouco mais para lá do que seria inicialmente expectável, o Benfica voltava a acreditar na possibilidade de chegar ao segundo lugar e garantir a entrada direta na liga milionária na próxima temporada. Até que apareceu o Gil Vicente.

A derrota na Luz contra a equipa de Barcelos, aliada a uma exibição pobre, colocou um travão a fundo na sensação de otimismo que se tinha gerado no universo encarnado nas últimas semanas. E, por muito pobre que isso fosse para uma equipa habituada a lutar pelo título em praticamente todas as épocas, a verdade é o segundo lugar era o melhor a que o Benfica poderia aspirar — e o desaire contra o Gil Vicente veio complicar essas contas.

Ficha de jogo

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Portimonense-Benfica, 1-5

28.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Portimão, em Portimão

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Portimonense: Samuel, Fali Candé, Lucas Possignolo, Maurício, Moufi (Henrique, 76′), Dener (Luquinha, 69′), Willyan (Lee, 69′), Salmani (Poha, 69′), Aylton Boa Morte, Fabrício (Lucas Tagliapietra, 45′), Beto

Suplentes não utilizados: Ricardo, Ewerton, Anderson, Bruno Moreira

Treinador: Paulo Sérgio

Benfica: Helton Leite, Vertonghen, Lucas Veríssimo, Otamendi, Grimaldo, Diogo Gonçalves (Gilberto, 81′), Taarabt, Gabriel (Darwin, 45′), Pizzi (Chiquinho, 90+3′), Rafa (Everton, 81′), Seferovic (Pedrinho, 89′)

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Waldschmidt, Cervi, Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Beto (43′), Pizzi (45+2′), Darwin (50′), Seferovic (64′ e 73′), Everton (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gabriel (6′), a Poha (72′), a Otamendi (78′)

Esta quinta-feira, no Algarve, o Benfica visitava o Portimonense e procurava regressar às vitórias para manter esse objetivo, de ainda alcançar o FC Porto, bastante vivo. E na antevisão, tal como sempre fez desde que os encarnados começaram a perder pontos de forma algo consistente, Jorge Jesus não escondeu que a entrada direta na Liga dos Campeões é a grande meta da equipa até ao final da temporada. “Sinto que o título é difícil. Agora, a pressão é sempre a mesma. Um clube que tem sede de ganhar, como é o caso do Benfica, que neste ano não está a fazer um Campeonato como eu e os benfiquistas estaríamos a pensar. Mas é assim, não é nada que eu já não tenha passado neste clube. Mas não podemos fingir que somos cegos. Eu assumo as minhas responsabilidades, não fujo a nenhuma pergunta. Faltam 21 pontos, o Sporting tem 12 de avanço. Matematicamente é possível, mas é quase impossível. Não vou estar a vender banha da cobra. Isto não são as histórias da Carochinha. Sabemos que tanto para o FC Porto como para o Benfica vai ser muito duro, alguém vai continuar a perder pontos. Como eu disse na minha primeira intervenção, está difícil ganhar pontos. Principalmente nesta segunda volta”, disse Jesus, antecipando desde logo uma deslocação complicada a uma equipa que vinha de três vitórias consecutivas.

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Contra o Portimonense, que está claramente a atravessar um momento muito positivo, o Benfica não podia contar com Weigl — o médio alemão deixou a concentração da equipa durante a manhã desta quinta-feira, para assistir ao nascimento da filha, e falhou a partida. Gabriel foi chamado ao onze e Pizzi recuperou a titularidade, com Waldschmidt a começar no banco. Ainda assim, e talvez mais transparente do que tudo isso, Jesus reiterava que o sistema de três centrais é mesmo uma aposta e voltava a colocar Veríssimo, Otamendi e Vertonghen de início, apesar de a estratégia não ter resultado na primeira parte do jogo contra o Gil Vicente. Uma vitória dos encarnados deixava-os à condição a três pontos do FC Porto (que só jogava depois) e reduzia para 10 a distância para o Sporting, que empatou com o Belenenses SAD. Do outro lado, Paulo Sérgio também fazia duas alterações e trocava Ewerton e Anzai por Salmani e Fabrício, em comparação com a vitória contra o Famalicão.

Numa primeira parte cujos grandes pontos de interesse só apareceram já dentro dos últimos cinco minutos, o Benfica teve sempre o controlo da partida mas pouco ou nada conseguiu fazer com isso. Pizzi teve o primeiro lance mais perigoso, com um cruzamento que acabou por sair disfarçado de remate e obrigou Samuel Portugal à primeira defesa (7′), Lucas Possignolo evitou uma combinação entre Pizzi e Grimaldo com um bom corte (15′) e Boa Morte, logo depois, não conseguiu atirar à baliza depois de ganhar as costas de Vertonghen (16′). Os encarnados tinham a posse de bola, desenhavam os ataques de frente para o meio-campo adversário e sempre com muita gente nos últimos 30 metros mas raramente conseguiam romper e chegar a zonas de finalização, até porque Willyan ia realizando uma exibição bem acima da média no espaço logo à frente dos centrais.

A equipa de Jorge Jesus trocava a bola durante muito tempo nas imediações da grande área mas Seferovic estava sempre demasiado sozinho no ataque, com Rafa e Pizzi, um de cada lado, a realizarem poucos movimentos de aproximação ao corredor central. O avançado suíço acabava sempre muito marcado, sem que os dois colegas de equipa arrastassem consigo alguns defesas, e as tentativas de bolas pelo ar que eram bombeadas para a área acabavam sempre sem consequências. Do outro lado, Paulo Sérgio obrigava Beto a um desgaste enorme, já que o avançado do Portimonense recuava muito para ajudar no setor defensivo e era o primeiro a esticar em sprint quando a equipa tinha a bola. O Portimonense, de forma natural, resguardava-se no próprio meio-campo e tentava depois causar perigo no contra-ataque, ainda que essa movimentação não estivesse a sair da melhor maneira, com Fali Candé a falhar muitas vezes na solicitação de Beto, Fabrício ou Boa Morte.

Taarabt atirou por cima (18′), Pizzi não conseguiu rematar depois de ficar com a bola ao segundo poste na sequência de um cruzamento de Grimaldo (26′) e Rafa teve a melhor oportunidade do jogo até esse momento, com um pontapé ao lado, de fora de área, depois de uma bonita combinação com Pizzi (28′). O jogo encaminhava-se a passos largos para o intervalo, o nulo parecia quase certo mas Beto, de forma quase inevitável, acabou por inaugurar o marcador. Dener ganhou nas alturas já no meio-campo encarnado e a bola sobrou para Boa Morte, que acabou interpretou o lance da melhor maneira: escapou a dois adversários e tirou um passe de rotura perfeito, a romper toda a defesa do Benfica, com Beto a aparecer a rematar com muita força depois de um bom movimento diagonal (43′). O avançado marcou pelo quarto jogo consecutivo e carimbou a surpresa em Portimão, com a equipa de Jesus a sofrer as consequências da pouca agressividade que estava a demonstrar.

Antes do intervalo, porém, o Benfica conseguiu chegar ao menor dos males. No último lance da primeira parte — Artur Soares Dias apitou desde logo e a bola nem sequer foi ao centro do terreno –, Vertonghen abriu na esquerda em Grimaldo e o lateral espanhol assistiu, de cabeça, Pizzi, que atirou rasteiro para bater Samuel Portugal (45+2′). Os encarnados iam para o intervalo com a motivação do golo do empate mas Jorge Jesus preparava desde logo uma alteração, já que Darwin (acompanhado por Everton) ficou a realizar exercícios de aquecimento no relvado e não desceu ao balneário. Numa primeira parte novamente pobre, no que a oportunidades diz respeito, o Benfica estava a sofrer com a falta de acutilância de Gabriel, que não tem qualidades defensivas para ser um ‘6’ sem apoio, e estava a beneficiar da noite inspirada de Vertonghen, que ia aparecendo em zonas adiantadas e até originou o lance do golo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Portimonense-Benfica:]

No arranque da segunda parte, de forma nada surpreendente, Jorge Jesus tirou Gabriel e lançou Darwin, com Pizzi a recuar no relvado para se juntar a Taarabt no meio-campo. Do outro lado, Paulo Sérgio trocou Fabrício por Lucas Tagliapietra. Darwin teve desde logo uma enorme oportunidade para marcar, num lance em que atirou por cima depois de um bom trabalho de Pizzi (46′), mas a verdade é que não precisou de muito mais tempo para fazer a diferença: num lance em que o passe de Taarabt nem sequer foi brilhante, o avançado uruguaio conseguiu ganhar posição entre os dois centrais e rematou rasteiro já na grande área, confirmando a reviravolta no marcador (50′).

Apesar de Darwin ter tido uma nova oportunidade para voltar a marcar, num lance em que optou por assistir Seferovic quando poderia ter visado a baliza (62′), a verdade é que o Benfica teve algumas dificuldades para controlar a partida depois do segundo golo, permitindo uma grande disputa na zona do meio-campo e sofrendo alguns sustos com as movimentações de Beto. O avançado dos algarvios, precisamente, poderia ter empatado com um grande remate de longe, rasteiro, que Helton Leite defendeu de forma apertada (62′). Logo depois, porém, Seferovic acabou por dar o golpe final: Diogo Gonçalves desequilibrou na direita, ao tirar um adversário da frente depois de receber de Otamendi, e assistiu o avançado suíço, que atirou com muita força para o canto superior direito da baliza de Samuel Portugal (64′).

Paulo Sérgio reagiu com uma tripla substituição, ao lançar Poha, Lee e Luquinha, mas o Benfica arrumou a partida a pouco mais de um quarto de hora do final. Rafa conseguiu soltar em Grimaldo na esquerda, com um toque habilidoso, e o lateral espanhol cruzou rasteiro e tenso à procura do segundo poste; aí, apareceu Seferovic, que só precisou de encostar para voltar a marcar (73′). O avançado suíço bisou, engrossou os números e chegou aos 18 golos na Liga, o que significa que voltou a superar Pedro Gonçalves e é novamente o melhor marcador da competição. Jorge Jesus ainda lançou Everton, Gilberto, Pedrinho e Chiquinho e o Benfica ainda chegou ao quinto golo nos descontos, por intermédio de Everton, confirmando a conquista dos três pontos (90+4′).

O Benfica venceu o Portimonense no Algarve, recuperou o terceiro lugar, encurtou para 10 pontos a distância para o Sporting e fica agora à espera do resultado do FC Porto, contra o V. Guimarães, para saber se continua a seis pontos do segundo lugar ou se também reduz a desvantagem para os dragões. Os encarnados voltaram aos resultados positivos depois da derrota com o Gil Vicente e conseguiram acabar a golear depois de até terem começado a perder — e apesar dos dois golos de Seferovic, muito podem agradecer a Darwin, que fez o golo da reviravolta, esteve no lance que deu o quarto e foi o grande impulsionador da subida de rendimento do Benfica na segunda parte, demonstrando a Jesus que pode e consegue jogar ao lado do suíço.

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