O banco espanhol BBVA propôs esta quinta-feira aos sindicatos o despedimento de 3.800 trabalhadores em Espanha, 16,3% de um total de cerca de 23.300 trabalhadores, segundo fontes da negociação citadas pela agência EFE.
De acordo com a agência de notícias espanhola, o BBVA pretende ainda encerrar 530 balcões, 21,3% da sua rede, a fim de ganhar rentabilidade e eficiência.
A direção do banco e os sindicatos reuniram-se esta quinta-feira para negociar um despedimento coletivo que o BBVA defende devido à enorme concorrência no setor, às baixas taxas de juro, à adoção acelerada de canais digitais pelos clientes e à entrada de novas entidades digitais. Estas medidas vêm confirmar a grande transformação pela qual está a passar o setor bancário e acelerar uma estratégia de concentração e diminuição da mão-de-obra que foi iniciada há vários anos.
No final de 2020, o BBVA tinha 29.330 empregados em Espanha, no entanto, se forem excluídos os trabalhadores de diferentes empresas do banco que não serão afetados pelos ajustamentos, o número é de cerca de 23.300, enquanto o número de balcões, na mesma data, era de 2.482.
O também espanhol CaixaBank, dono do BPI, anunciou na terça-feira que, depois da fusão em curso com o Bankia, tenciona reduzir a sua mão-de-obra em 8.291 pessoas, 18,67% do número total de empregados do banco em Espanha.
A aquisição da Bankia concluída no mês passado permitiu ao CaixaBank tornar-se no banco líder em Espanha em termos de ativos domésticos, embora tanto o Banco Santander como o BBVA tenham uma maior presença internacional.
Os cortes de postos de trabalho são explicados pela “duplicação e sinergias causadas pela fusão e pelas atuais circunstâncias do mercado”, segundo o CaixaBank, uma vez que os bancos enfrentam taxas de juro muito baixas, os efeitos da crise económica causada pela pandemia e a crescente utilização de serviços bancários ‘online’.
O Banco Central Europeu (BCE) está a aconselhar as concentrações no setor bancário, a fim de criar entidades mais fortes e rentáveis capazes de enfrentar a crise provocada pela pandemia de covid-19, que a Espanha sofreu de uma forma mais grave do que outros países, com uma queda de 10,8% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
De acordo com um relatório publicado na terça-feira pela Associação da Banca Espanhola (AEB), as entidades bancárias do país perderam 6,9 mil milhões de euros em 2020, depois de terem feito 12 mil milhões de euros de provisões excecionais para enfrentar o risco crescente de não reembolso de empréstimos.
O segundo maior banco de Espanha, BBVA, e o quinto maior, Banco Sabadell, tentaram fundir-se no outono passado, mas abandonaram esses planos. Sabadell cortou mais de 1.800 postos de trabalho no final de 2020 e o maior grupo bancário espanhol, o Banco Santander, também cortou 3.500 postos de trabalho nesse ano. Segundo o Banco de Espanha, o setor bancário perdeu quase 100.000 pessoas entre 2008 e 2019, cerca de 37% da mão-de-obra de 2008.