Os benefícios da Vaxzevria (vacina da AstraZeneca) superam os riscos em adultos de todas as idades, apesar dos casos de coágulos sanguíneos invulgares associados a baixos níveis de plaquetas já detetados. O anúncio foi feito na tarde de sexta-feira pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) em conferência de imprensa. Trata-se de uma análise provisória.

As conclusões da EMA resultam de uma análise feita a pedido da Comissão Europeia — e de maneira a apoiar as autoridades nacionais na tomada de decisões sobre a melhor forma de usar a vacina — relativamente a dois pontos específicos: a eficácia e segurança da AstraZeneca nos vários grupos etários e a recomendação de administrar ou não a segunda dose a quem já recebeu a primeira.

A análise teve em conta a prevenção de hospitalizações, de internamentos em UCI e mortes por Covid-19. Não houve, no entanto, dados suficientes disponíveis em toda a UE para fornecer um contexto mais aprofundado sobre os benefícios e riscos em relação ao sexo.

Relativamente ao primeiro ponto, a EMA concluiu que “os benefícios da Vaxzevria superam os seus riscos em adultos de todos os grupos etários”. Atualmente, a bula da vacina já inclui “informações de segurança adicionais” sobre os possíveis efeitos secundários — nomeadamente os raros episódios de coágulos sanguíneos e tromboses que estiveram na origem da suspensão da vacina. “É importante alertar médicos e doentes relativamente a esta complicação rara, para poder ser identificada rapidamente”, explicou Noël Wathion da EMA.

No que respeita à segunda dose, o responsável da EMA sublinhou que “os dados disponíveis apoiam que se dê a segunda dose da vacina da Vaxzevria entre quatro e doze semanas depois da primeira”. “Os dados não apoiam atrasar ou evitar uma segunda dose”, reiterou. De acordo com Noël Wathion, a análise da EMA foi feita com base nos dados estratificados por idades enviados pelos responsáveis dos programas de vacinação nos vários Estados-membros da União Europeia.

Em Portugal, a vacina da AstraZeneca encontra-se recomendada apenas para pessoas acima dos 60 anos de idade, na sequência das primeiras análises feitas pela EMA depois da polémica em torno dos efeitos secundários mais graves.

A Vaxzevria é eficaz a prevenir hospitalizações, internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos e mortes por Covid-19, com os efeitos secundários mais graves a serem casos muito raros de coágulos sanguíneos incomuns com baixo teor de plaquetas, que ocorrem em 1 em 100.000 pessoas vacinadas.

No comunicado de imprensa entretanto divulgado é explicado que, embora a análise possa estar sujeita a alterações à medida que novos dados se tornam disponíveis, pode orientar os Estados-Membros da UE no ajustamento das respetivas estratégias de vacinação.