As receitas do grupo chinês Huawei caíram 16,5%, no primeiro trimestre, para cerca de 19,4 mil milhões de euros, depois da venda da sua marca de telemóveis de baixo custo Honor, foi anunciado esta quarta-feira.
As vendas da Huawei caíram 16,5%, em termos homólogos, para 152,2 mil milhões de yuans (19,4 mil milhões de euros), devido, em parte, à queda das receitas da sua unidade de consumo, indicou a empresa. Sem detalhar os lucros alcançados, o grupo revelou que a margem melhorou em 3,8%, para 11,1% das receitas obtidas.
A primeira marca global de tecnologia da China está a tentar manter a sua participação no mercado mundial, após ter sido alvo de sanções dos Estados Unidos, que atingiram as vendas de telemóveis. A empresa também é a maior fabricante de equipamentos de rede, usados por operadoras de telecomunicações.
Washington acusa a empresa de constituir um risco para a segurança por facilitar a espionagem chinesa, uma acusação que a Huawei nega.
As sanções bloquearam o acesso a chips e outros componentes e serviços de empresas norte-americanas, incluindo aplicações da Google. A Huawei projetou os seus próprios chips, mas os fabricantes estão também proibidos de usar tecnologia norte-americana necessária para os produzir.
A marca de telemóveis de baixo custo Honor foi vendida, em novembro, com o objetivo de recuperar as vendas, ao poupá-la às sanções impostas à empresa-mãe. O anúncio feito esta quarta-feira não deu detalhes sobre as vendas de equipamentos de rede nem de outras áreas de negócios.
“Este ano será outro ano desafiador para nós, mas também o ano em que a nossa estratégia de desenvolvimento futuro começará a ganhar forma”, disse Eric Xu, o atual presidente do Conselho de Administração da Huawei, citado em comunicado.
A Huawei adiantou que as suas vendas na China e para veículos elétricos e autónomos, redes industriais e outras tecnologias, são menos vulneráveis à pressão dos EUA. O grupo disse que tem uma reserva de ‘chips’ dos EUA para ‘smartphones’ de última geração, mas que está a esgotar-se.
Sediada na cidade de Shenzhen, no sul da China, a Huawei afirma ser propriedade de funcionários chineses, que representam metade da sua força de trabalho de 197.000 funcionários, distribuídos por 170 países. A empresa começou a relatar os resultados financeiros há uma década para tentar neutralizar as preocupações do Ocidente sobre segurança.
O fundador da Huawei, Ren Zhengfei, sugeriu, numa carta enviada aos funcionários, que a empresa pode considerar ter uma das suas unidades de negócios na bolsa de valores, pela primeira vez, informou hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Ren alertou os funcionários para não falsificarem contabilidade, dizendo que isso poderá ter repercussões legais “caso um dos negócios da empresa entre gradualmente no mercado de capitais no futuro”, segundo o jornal.
A Huawei relatou anteriormente que as suas vendas de telemóveis, equipamentos de rede e outras tecnologias aumentaram 3,8%, em 2020, em relação ao ano anterior, para 891,4 mil milhões de yuans (112 mil milhões de euros), mas esse crescimento foi inferior aos 19,1%, de 2019.