Foram reveladas esta quarta-feira as seis obras finalistas ao Women’s Prize for Fiction de 2021. A shortlist, que inclui duas estreantes, foi anunciada pela presidente do júri, a britânica Bernardine Evaristo, através das redes sociais. Evaristo considerou que foi mais fácil reunir os 16 livros da longlist divulgada em março do que os seis que integram a lista final do prémio, porque foi necessário um maior consenso .

“Infelizmente, tivemos de perder livros excecionais que adorámos”, comentou Evaristo, garantindo que, “no entanto, com esta lista restrita, apresentamos uma gloriosamente variada e tematicamente rica exploração da ficção feminina no seu melhor”: “Estes romances vão levar o leitor de uma Grã-Bretanha rural, esquecida, para o centro de uma comunidade em Barbados; do interior agitado dos meios de comunicação para o interior de uma família assolada pelo vício e a opressão; de uma questão racial na América, para um labirinto mental de dimensões inauditas”, resumiu.

“A ficção das mulheres desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade, expressas através de histórias emocionantes. Sentimo-nos apaixonados por estes enredos, e esperamos que os leitores também fiquem”, concluiu a presidente do júri, que venceu o Booker Prize em 2019, juntamente com Margaret Atwood.

[Reveja o anúncio da shortlist do Women’s Prize for Fiction de 2021:]

Shortlist com romance finalista ao Costa e Hugo, duas obras estreantes e duas sobre gémeos

Entre as obras finalistas conta-se Piranesi, o segundo romance da britânica Susanna Clarke, publicado 16 anos após o premiado Jonathan Strange e Mr. Norrell, que conquistou o Prémio Hugo e o Prémio Revelação dos livreiros britânicos, em 2005. O romance tem prendido a atenção da crítica e é também finalista aos prémios Costa e Hugo. A obra gira em torno de uma personagem misteriosa, Piranesi (nome igual ao do arquiteto italiano do século XVIII).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O tema dos gémeos continua presente nesta fase do Women’s Prize for Fiction em dois dos seis romances candidatos ao prémio: The Vanishing Half, da norte-americana Brit Bennett, que conta a história de duas irmãs idênticas, oriundas de uma comunidade negra, e Unsettled Ground, da britânica Claire Fuller, que segue dois gémeos de 51 anos que ainda vivem com a mãe.

Dois romances de estreia passaram também à shortlist: No One Is Talking About This, da norte-americana Patricia Lockwood, sobre o cruzamento entre a vida real e online, e How the One-Armed Sister Sweeps Her House, de Cherie Jones, de Barbados, um conto de homicídio, abuso e violência. A lista encerra com Transcendent Kingdom“, da ganense-americana Yaa Gyasi, sobre a descoberta da história familiar de uma mulher, depois de a dependência de opiáceos destruir a vida do seu irmão.

A shortlist completa é a seguinte:

  1. How the One-Armed Sister Sweeps Her House, de Cherie Jones;
  2. No One is Talking About This, de Patricia Lockwood;
  3. Piranesi, de Susanna Clarke;
  4. The Vanishing Half, de Brit Bennett;
  5. Transcendent Kingdom, de Yaa Gyasi;
  6. Unsettled Ground, de Claire Fuller.

Pelo caminho ficaram Detransition, Baby, o romance de estreia da escritora transgénero norte-americana Torrey Peters, Summer, da consagrada autora escocesa Ali Smith, e Because of You, da comediante britânica Dawn French. As restantes autoras que não chegaram à fase final são as norte-americanas Raven Leilani, com Luster” e Avni Doshi, com Burnt Sugar, finalista do Prémio Booker de 2020, as irlandesas Naoise Dolan, com Exciting Times, e Kathleen McMahon, com Nothing But Blue Sky, e a ainda britânica Clare Chambers, com Small Pleasures.

Além de Bernardine Evaristo, fazem parte do painel de jurados a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de rádio e televisão Vick Hope, a escritora e colunista no The Guardan Nesrine Malik, e a apresentadora Sarah-Jane Mee.

No ano passado, o prémio foi atribuído a Hamnet, da irlandesa Maggie O’Farrell. O romance, uma das ausências mais notadas do Booker Prize desse ano, foi inspirado na morte real do único filho de William Shakespeare, Hamnet, que terá inspirado uma das suas tragédias mais famosas, Hamlet. A obra, centrada na figura da mulher de Shakespeare, aborda temas como o luto e o preconceito.

Maggie O’Farrell vence Women’s Prize for Fiction com “Hamnet”, romance inspirado no filho de Shakespeare

O Women’s Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo. Foi criado em 1992, em Londres, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, como resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado Booker Prize não ter incluído uma única mulher, situação que tem vindo a mudar nos últimos anos. A residência ou país de origem não são critérios de elegibilidade. A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (cerca de 33 mil euros).

A obra vencedora será conhecida a 7 de julho.