Os ministros da Defesa português, João Gomes Cravinho, e o seu homólogo de Moçambique, Jaime Bessa Neto, assinam, esta segunda-feira, em Lisboa, um acordo-quadro de cooperação até 2026, que inclui a formação de militares daquele país.

Os dois ministros vão estar reunidos de manhã no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, para um encontro de trabalho, no qual será assinado o documento que estabelece os termos da cooperação militar para os próximos cinco anos.

No final de março, em declarações à agência Lusa, o governante revelou que além da formação e treino de forças especiais, fuzileiros e comandos, o programa inclui outras linhas de cooperação militar, nomeadamente as “componentes terra-ar” e informações.

E acredito também que há muito a ganhar em trabalharmos com drones, que oferecem uma capacidade de recolha de informação que pode ser preciosa. E a nível de informações é outro domínio que vai ser trabalhado”, acrescentou à data o governante português.

Quanto à situação na província moçambicana de Cabo Delgado, que enfrenta ataques terroristas, Gomes Cravinho defendeu a necessidade de uma “abordagem multifacetada e não se resolve de um dia para o outro mas no horizonte de um par de anos, começando pela situação securitária porque esta é a base para qualquer desenvolvimento, e prestar socorro humanitário às populações afetadas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A contribuição de Portugal para a formação e capacitação das forças moçambicanas prevê o treino de “sucessivas companhias” das forças armadas, em três a quatro meses, durante três anos, o que representa um “triplicar” do investimento português em projetos de cooperação com aquele país, que existe desde 1988.

Quanto aos locais de trabalho, está previsto que os militares portugueses estarão no sul do país, em Catembe, perto de Maputo, (fuzileiros) e no centro (comandos), disse Cravinho. Em meados de abril seguiram para Moçambique duas equipas-avançadas para prepararem, no terreno, as ações formativas.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque ocorreu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.