Jorge Jesus não tinha Diogo Gonçalves e Rafa e, por isso mesmo, teria obrigatoriamente de fazer alterações ao onze. Ainda assim, na antecâmara de um dérbi e contra o último classificado, decidiu ir mais longe e tirar outros quatro titulares: Vertonghen, Grimaldo, Pizzi e Everton. No fim, a ideia não deu resultado e o treinador teve de mudar três peças ao intervalo para conseguir ganhar o jogo. E não poupou as opções iniciais.

Gonçalo é um sonhador. O problema é que não pode ser o único (a crónica do Nacional-Benfica)

“Na primeira parte sofremos de canto, entrámos completamente desfocados do jogo. Os jogadores que hoje lancei e que não têm jogado tanto não perceberam muito bem o que andavam aqui dentro a fazer, era uma questão tática. Ao intervalo falámos e ajustámos ideias. Os jogadores que entraram na segunda parte mudaram o jogo, principalmente o Everton e o Darwin, e depois o menino Ramos. Precisávamos de um jogador com as características dele, só tínhamos o Seferovic na área. Falei com ele sobre como se posicionar e fez dois golos. A equipa teve coragem e crença, é algo que tem caracterizado esta equipa. Se o Benfica ganhar os dois últimos jogos é quem fez mais pontos nesta segunda volta. Isso prova o que foi a nossa primeira volta e a nossa segunda volta”, atirou Jesus na zona de entrevistas rápidas.

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O treinador encarnado reconheceu que procurou entrar “com uma ideia de jogo e um sistema diferente”, regressando ao 4x4x2 depois de ter atuado com três centrais nas últimas partidas. “Tivemos dificuldade em ter largura no lado esquerdo. O Cervi não dá largura ao jogo e o Luca [Waldschmidt] também não. Depois, com bola, não tínhamos espaço, a equipa sempre mal posicionada na perda de bola. O Nacional conseguiu dividir-nos nessa altura. Depois falámos e a entrada dos jogadores ajudou nisso. Sobre o sistema, sim, mudámos as dinâmicas”, explicou, recordando que será tão importante ganhar ao Sporting na quinta-feira como era “ganhar hoje”. “Independentemente de ter perdido o primeiro objetivo, que era ser campeão. Sei o motivo pelo qual o Benfica não foi campeão. Nesta segunda volta, é um Benfica diferente. Mas, infelizmente, não podemos mudar a classificação”, completou, deixando novamente a ideia de que o surto de Covid-19 que afetou a equipa em janeiro e fevereiro fez a diferença na Primeira Liga.

O Benfica somou a sexta vitória consecutiva fora de casa, sempre com mais de dois golos de diferença, e reforçou ainda o estatuto de equipa da Liga com mais golos vindos do banco, através de suplentes utilizados. Os encarnados venceram pela sétima vez seguida na Choupana, entre todas as competições, e Gonçalo Ramos catapultou-se para o topo da lista dos jogadores que precisam de menos minutos para marcar no Campeonato. Jesus deixou ainda algumas críticas ao VAR, tendo como base o golo que foi anulado a Nuno Tavares por falta de Lucas Veríssimo no início do lance.

“O VAR tem de mudar, estas situações não podem acontecer. A interpretação do VAR tem de mudar, tem de atuar no máximo nas últimas três decisões do jogo, não pode haver um lance na grande área contrária e depois volta-se atrás porque houve ali uma falta. Não protege o futebol, não protege o jogo, o espetáculo, nada, zero. Se eu for à reunião da UEFA este ano vou dizer que isto tem de mudar. Não é por ter havido um golo anulado ao Benfica, é porque não faz bem ao futebol”, acrescentou.