O ex-vice-presidente do governo espanhol, Pablo Iglesias, que recentemente abandonou a política e os seus cargos no partido Podemos após uma pesada derrota nas eleições regionais de Madrid, abandonou também o seu corte de cabelo icónico — o rabo-de-cavalo que usa há vários anos e que se tornou numa das suas imagens de marca desde que, em 2014, se tornou numa estrela em ascensão da política espanhola.
De acordo com a imprensa espanhola, Iglesias já tinha a ideia de mudar de penteado há algum tempo, desde o nascimento dos filhos, que brincavam com o longo cabelo do político espanhol — mas foram os seus assessores que o impediram de mudar a imagem. Segundo os assessores, o corte do cabelo longo numa figura emergida dos movimentos de contestação social assim que chegou ao governo seria mal interpretada pelos eleitores.
Ao jornal El País, o politólogo Pablo Simón fez uma leitura política da decisão estética: “Ele sempre se tinha negado a seguir uma estética neutra do ponto de vista político. Neste sentido, a neutralidade consiste em usar roupa que não aliene nem chame a atenção. Pablo Iglesias insistiu sempre em ter essa imagem, inclusivamente incorrendo às vezes em algumas contradições curiosas, como ir mais mal vestido à Zarzuela com o Rei do que aos [Prémios] Goya. Mas, em qualquer caso, essa estética era fundamental porque queria mandar uma mensagem política: ligar-se às pessoas da rua. O rabo-de-cavalo era o sinal do Pablo mais contestatário, o das origens.”
O Partido Popular, que ganhou as eleições de Madrid e foi o principal responsável pelo afastamento de Iglesias, brincou com a situação no Twitter, publicando uma imagem do político com a legenda: “Culpa de Ayuso” — referindo-se à candidata Isabel Días Ayuso, do PP, que venceu o ato eleitoral.
Culpa de Ayuso. pic.twitter.com/eJMJ41AzbZ
— PP Comunidad de Madrid (@ppmadrid) May 12, 2021