O ex-vice-presidente do governo espanhol, Pablo Iglesias, que recentemente abandonou a política e os seus cargos no partido Podemos após uma pesada derrota nas eleições regionais de Madrid, abandonou também o seu corte de cabelo icónico — o rabo-de-cavalo que usa há vários anos e que se tornou numa das suas imagens de marca desde que, em 2014, se tornou numa estrela em ascensão da política espanhola.

De acordo com a imprensa espanhola, Iglesias já tinha a ideia de mudar de penteado há algum tempo, desde o nascimento dos filhos, que brincavam com o longo cabelo do político espanhol — mas foram os seus assessores que o impediram de mudar a imagem. Segundo os assessores, o corte do cabelo longo numa figura emergida dos movimentos de contestação social assim que chegou ao governo seria mal interpretada pelos eleitores.

Da foto no boletim de voto ao resultado trágico. Os sete anos da curta era de Iglesias na política espanhola

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Ao jornal El País, o politólogo Pablo Simón fez uma leitura política da decisão estética: “Ele sempre se tinha negado a seguir uma estética neutra do ponto de vista político. Neste sentido, a neutralidade consiste em usar roupa que não aliene nem chame a atenção. Pablo Iglesias insistiu sempre em ter essa imagem, inclusivamente incorrendo às vezes em algumas contradições curiosas, como ir mais mal vestido à Zarzuela com o Rei do que aos [Prémios] Goya. Mas, em qualquer caso, essa estética era fundamental porque queria mandar uma mensagem política: ligar-se às pessoas da rua. O rabo-de-cavalo era o sinal do Pablo mais contestatário, o das origens.”

O Partido Popular, que ganhou as eleições de Madrid e foi o principal responsável pelo afastamento de Iglesias, brincou com a situação no Twitter, publicando uma imagem do político com a legenda: “Culpa de Ayuso” — referindo-se à candidata Isabel Días Ayuso, do PP, que venceu o ato eleitoral.