A deputada Romualda Fernandes, que foi discriminada devido à cor da pele numa notícia da Agência Lusa, contou ao Público que ficou surpreendida ao ler o artigo na qual era identificada com uma palavra racista e afirma que o que a define “não é a cor da sua pele, nem como mulher, nem como cidadã, nem como parlamentar”. “O que me define são os meus valores, as minhas atitudes, as minhas virtudes”, disse ao mesmo jornal.
PS repudia notícia da Lusa “inqualificável” para a sua deputada Romualda Fernandes
A deputada à Assembleia da República referiu também ao diário que o “episódio que aconteceu” a “fortalece”. “Não leio, infelizmente, este episódio como um lapso, ou como um erro – isto reflete, no meu entender, um pensamento, um modo de agir profundamente preconceituoso e racista e que senti como uma agressão”, disse ainda a deputada. Romualda Fernandes considera que o caso “evidencia como o racismo e a xenofobia estão a fazer o seu caminho”.
A deputada disse também este sábado ao Expresso que “as pessoas não percebem mas estas coisas causam dor”. A este semanário, alegou que não acredita que se trate de “um engano involuntário”. “Traduz uma agressão e um pensamento racista que não pode ser naturalizado”, afirmou.
A Direção de Informação da Lusa divulgou uma nota aos clientes ao início da madrugada de sexta-feira a afirmar que “lamenta profundamente” a difusão da notícia, na quinta-feira, em que a deputada do PS Romualda Fernandes foi identificada “de modo inaceitável, contra todas as regras éticas e profissionais constantes do Código Deontológico dos Jornalistas e do Livro de Estilo da Lusa”. Nessa nota acrescentava-se que a Direção de Informação iria “proceder a uma investigação sobre o que aconteceu” e apresentava “as suas desculpas à deputada, ao Partido Socialista” e a “todos os clientes e leitores” da agência.
A Lusa aceitou também o pedido de demissão do editor de Política da agência. Adicionalmente, “tendo em vista o dano moral e reputacional provocado na imagem da agência, instaurou um processo de averiguações” ao jornalista que redigiu a notícia, para “averiguar as circunstâncias” em que foi elaborada, informou a mesma entidade.