Com mais de 60% da população com as duas doses da vacina já administrada (70% com pelo menos uma dose), as Seychelles foram obrigadas a regressar ao confinamento para tentar travar uma nova subida no número de casos. Há dúvidas, mas as indicações que surgem do país com maior cobertura vacinal do mundo também permitem tirar algumas lições. Desde logo, o relaxamento de cada um depois de ser imunizado pode prejudicar o quadro geral. É que as vacinas não protegem contra o vírus, mas sim contra as formas graves da doença. Prova disso é que um terço dos novos infetados já tinha sido vacinado com as duas doses da vacina.

Com recurso à chinesa Sinopharm e à vacina de Oxford AstraZeneca, o país conseguiu colocar-se no primeiro lugar da tabela de vacinação, mas começa agora a ver as consequências do relaxamento nos cuidados. Dos 37% de novos infetados já vacinados, Sylvestre Radegonde, ministro dos Negócios Estrangeiros e do Turismo não precisou qual das vacinas tinha sido administrada nestas pessoas.

Outra das consequências é o aumento da desconfiança em relação aos dados sobre a Sinopharm ainda que em reposta a um artigo do Wall Street Journal um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês tenha culpado os meios de comunicação ocidentais por tentarem descredibilizar as vacinas chinesas.

Já Kate O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Biológicos da OMS, citada no New York Times, considerou o aumento de infeções nas Seychelles como “complicado” frisando que só através da análise das estirpes em circulação no país (que reabriu totalmente ao turismo a 25 de março, sem imposição de qualquer quarentena) é possível tirar conclusões sobre “se há ou não falhas na vacina” isto já depois de a vacina Sinopharm ter sido aprovada para uso de emergência pela OMS.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, há na comunidade científica quem alerte para que a eficácia da vacina Sinopharm possa ser menor que a inicialmente divulgada pelo fabricante.

Para já fica claro que mesmo com a vacinação completa e uma taxa de cobertura da população elevada será necessário continuar com cuidados de higiene, distanciamento e etiqueta respiratória, uma vez que o vírus continua em circulação. A realidade é que, segundo os dados disponíveis, as vacinas protegem de facto as pessoas contra formas graves da doença, algo que também se verifica nas Seychelles onde estavam apenas duas pessoas internadas em cuidados intensivos.

Os números relacionados com a pressão hospitalar são positivos e o governo mostra-se otimista apesar da subida do núemro de casos. “A conclusão é que as vacinas estão a proteger as pessoas. Os que foram vacinados não estão a desenvolver complicações”, afirmou Sylvestre Radegonde, ainda que 20% dos últimos dados de internamento se reportem a pessoas totalmente vacinadas, mas complicações graves.