“Foi sempre um corpo estranho à procura de rematar à baliza do Inter. Têm a certeza de que ele aceitaria jogar na Liga Europa?”, escreveu a Gazzetta dello Sport. “Fez pouco. Já não é o mesmo de há alguns meses”, disse o La Repubblica. “Bateu mal o penálti mas conseguiu corrigir o remate na recarga”, recordou o Corriere della Sera. Apesar de levar quatro golos nos últimos quatro jogos e de já ter assegurado de forma virtual o título de melhor marcador da Serie A que espera apenas a confirmação na última jornada, as exibições de Ronaldo continuavam a não ser elogiadas como antigamente. E o ponto de viragem continua a ser a saída da Liga dos Campeões.

CR777 teve de novo ordem para marcar, foi poupado para a Taça e Juventus ainda sonha com Champions

Logo depois dessa eliminatória com o FC Porto, e após dias de dúvidas sobre tudo o que fizesse parte do projeto desportivo da Juventus, o avançado português precisou apenas de pouco mais de meia hora para marcar o hat-trick mas as publicações transalpinas foram destacando nas últimas semanas uma mudança no jogador. Menos interventivo, menos participativo, menos influente da equipa dentro e fora de campo. Os bianconeri foram seguindo a sua campanha irregular também na Serie A mas o menor peso do capitão da Seleção nunca deixou de ser tema mas quando tinha razões para não o ser, fazendo também com que qualquer pormenor fosse visto à luz de sinais sobre o futuro do jogador para a próxima temporada. E foram sendo muitos os sinais, o último dos quais a mudança da coleção de carros de luxo por uma transportadora portuguesa mas para Madrid.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais exemplos? Ronaldo participou na apresentação das novas camisolas principais para a época de 2021/22, é sinal de que vai ficar para fazer o último ano de contrato com a Juventus. Neymar diz que gostaria de jogar ainda com o português, é sinal de que pode haver uma aproximação do PSG. Alex Ferguson elogia o estofo daquele que sempre foi o seu protegido, é final de que o United prepara o seu regresso. E ainda há a questão do Sporting, que será uma realidade por vontade do jogador quando este entender que está no momento certo. Muitos cenários, muitos rumores, muitas dúvidas, uma certeza, como destacou Matthijs de Ligt ao jornal De Volkskrant: “A forma como Ronaldo ainda joga, como se mantém em forma e como está motivado aos 36 anos, é fantástico”.

Ronaldo em Alvalade é um sonho? Sim, mas possível

Era nessa forma de ser e de estar que a Juventus se apoiava também para conquistar aquele que poderia ser o segundo troféu numa temporada para esquecer onde saiu da Champions logo nos oitavos, perdeu o título de campeão que ganha nos últimos nove anos e chegará à última jornada dependente de terceiros para conseguir a qualificação para a Champions. E os minutos extra de descanso que Ronaldo teve no jogo com o Inter, que teve a expulsão de Betancur no início da segunda parte, também ajudavam. “Foi talvez a primeira vez que ele ficou feliz por sair. Estávamos a jogar com dez e ele teria que correr muito e desgastar-sr para fechar vários espaços até ao final da partida”, explicou o técnico Andrea Pirlo após o triunfo por 3-2 frente aos nerazzurri.

Pela frente, a Atalanta. Uma equipa que já garantiu na última jornada a qualificação para a Champions da nova temporada exatamente pela vantagem no confronto direto com a Juventus, tendo empatado em Turim num jogo em que Ronaldo falhou uma grande penalidade e tendo ganho em Bérgamo pela margem mínima num encontro sem Ronaldo. Ou não havia duas sem três ou à terceira era de vez, com o avançado a procurar o quinto título em Itália, sendo a primeira Taça depois de dois Campeonatos e de duas Supertaças em três temporadas. Conseguiu. E aos 36 anos o avançado alcançou aquele que foi o 32.º troféu coletivo da carreira, neste caso pela primeira vez.

A Atalanta começou melhor e teve logo uma oportunidade flagrante no terceiro minuto, com Palomino a obrigar Buffon a uma defesa de recurso sozinho na área entre mais aproximações com perigo tendo quase sempre o avançado Malinovskiy como principal referência das ações, até mais do que Zapata. No entanto, seria a Juventus a marcar no primeiro lance de perigo que criou, com Kulusevski a receber um passe de McKennie numa jogada confusa e a rematar de pé esquerdo em arco sem hipóteses para Gollini perante os protestos dos jogadores da equipa de Bérgamo por uma possível falta de Cuadrado no início da jogada (31′). O conjunto de Turim estava na frente sem ter feito muito por isso mas o empate chegaria ainda antes do intervalo, com uma grande jogada a passar por Freueler e Hateboer antes do remate colocado de Malinovskiy a dar justiça ao marcador (41′).

No segundo tempo, a Juventus conseguiu aparecer muito melhor no plano ofensivo, com mais capacidade de fazer chegar bola ao último terço e de criar oportunidades de golo. Chiesa, com movimentos mais por dentro, deixou uma primeira ameaça e acertou mesmo no poste após assistência de calcanhar de Ronaldo, que de cabeça tinha também criado perigo com defesa de Gollini, mas viria mesmo a marcar o golo que faria a diferença na final com a Atalanta, surgindo descaído na área sobre a esquerda para enganar o guarda-redes após assistência de Kulusevski numa altura em que Dybala já se preparava para entrar em campo pelos bianconeri (73′).