Milhares de vítimas do escândalo dos implantes mamários defeituosos da empresa francesa Poly Implant Prothèse (PIP) vão receber indemnizações, após uma decisão de um tribunal superior de Paris esta quinta-feira, escreve o Le Monde. Os juízes confirmaram que a empresa alemã TUV Rheinland foi negligente ao certificar como seguros os implantes da empresa francesa, produzidos entre 2000 e 2010 — e que afinal eram feitos com uma mistura de silicone de uso industrial e agrícola.
No acórdão de 288 páginas, os juízes condenaram assim a TUV a pagar entre três mil e seis mil euros a cada uma das milhares de vítimas por danos morais e psicológicos, segundo o Le Monde. O valor exato a indemnizar a cada uma das vítimas será definido após realizadas perícias.
O caso foi levado à Justiça por cerca de 2.700 mulheres que disseram ter sofrido consequências de longo prazo na saúde depois de terem colocado implantes fabricados pela empresa francesa. Se for tomado o valor máximo (6 mil euros), as indemnizações podem superar os 16 milhões de euros. No entanto, segundo a Reuters, há cerca de 25 mil mulheres a avançar recentemente com processos judiciais contra a certificadora alemã, pelo que este número pode estar ainda muito por baixo do que poderá vir a ser o final.
É um dia histórico para as vítimas do escândalo PIP. Ao fim de dez anos à espera e de uma difícil luta, a certificadora alemã terá de compensar as vítimas”, disse Olivier Aumaitre, advogado das 2.700 mulheres que avançaram com o processo, à Reuters.
Em 2013, um tribunal de Toulon tinha já condenado a TUV a indemnizar todas as 2.700 vítimas, mas a decisão viria a ser revertida por um tribunal de Aix-en-Provence dois anos depois. Agora, este tribunal superior de Paris, voltou a confirmar a primeira decisão: a de indemnizar as vítimas.
Segundo o The Guardian, estima-se que cerca de 400 mil mulheres colocaram estes implantes em todo o mundo. A América Latina foi a mais atingida, em particular a Colômbia, onde se estima que haja mais de 60 mil vítimas. No Reino Unido, cerca de 47 mil mulheres terão também sido afetadas — quase 900 fizeram a operação pelo serviço nacional de saúde britânico para reconstrução mamária pós-cancro.