A região de Lisboa e Vale do Tejo não vai ser exceção na vacinação dos maiores de 30 e 40 anos, ao contrário do que anunciou esta terça-feira o secretário de Estado da Saúde. Numa conferência de imprensa dedicada ao reforço das medidas na capital por causa do aumento de casos de Covid-19, António Lacerda Sales disse que “haverá uma aceleração no processo de vacinação em Lisboa”, detalhando que isso começará a acontecer “na faixa dos 40 anos no dia 6 de junho e na dos 30 anos a partir de 20 de junho”. As datas, porém, não são novidade e já correspondiam ao plano que a task force que coordena o processo de vacinação tem para todo o país.

Fonte oficial da equipa liderada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo explica ao Observador que já estava previsto que os maiores de 40 e, depois, os maiores de 30 começassem a ser vacinados por volta dessas datas em todas as Administrações Regionais de Saúde, e não apenas na de Lisboa e Vale do Tejo. A zona da capital, onde se tem registado o maior aumento de casos, não será, por isso, qualquer exceção.

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A task force vê, de facto, a possibilidade de acelerar a vacinação em Lisboa, mas apenas na população que já está a ser vacinada nesta altura, de maiores de 55 anos, e não em pessoas mais jovens — aquelas entre as quais tem surgido o maior número de infeções e que levaram ao anúncio de novas medidas para a capital. Foi isso mesmo que aconteceu no Algarve, por exemplo, quando foi igualmente anunciado um reforço da administração de vacinas: houve um reforço de doses para acelerar a vacinação na faixa etária que já estava a ser vacinada.

Essa decisão foi tomada quando se percebeu que a taxa de vacinação algarvia era mais baixa do que no resto país. Lacerda Sales diz que é isso que agora está acontecer em Lisboa e Vale do Tejo, que está “ligeiramente mais atrasada na vacinação do que outras regiões, tendo 32% da população já vacinada com pelo menos uma dose”. O secretário de Estado justifica esses números com o de facto de ser “uma região mais populosa”, ainda que o que realmente tem influência na taxa seja o facto de Lisboa ter uma população mais jovem do que outras regiões do país, que ainda não começou a ser vacinada.

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O anúncio da suposta aceleração da vacinação foi feito numa conferência de imprensa onde a Direção Geral da Saúde revelou que Lisboa pode atingir a linha dos 240 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias dentro de duas a três semanas e que, nesta altura, o R(t) já está calculado em 1,14, o que significa que a tendência de aumento de novas infeções se mantém. Segundo André Peralta Santos, da DGS, a incidência está a aumentar sobretudo nas faixas etárias dos 20 aos 40 anos.

Também por isso, parte da estratégia passará por um reforço da testagem em locais de maiores concentração de jovens, com unidades móveis colocadas no Bairro Alto ou na Av. 24 de Julho, por exemplo, além de uma aceleração do número de testes em universidades e politécnicos. Apesar dos alertas sobre a baixa adesão à testagem nestas faixas etárias, o Governo está “otimista” e acredita que o civismo fará com que muitos se sujeitem aos testes.