Pedro Nuno Santos reafirma que a Ryanair está a “procurar aproveitar-se de uma situação difícil causada por uma pandemia para atacar um conjunto de companhias europeias de importância central para vários Estados-Membros.” E, por isso, a companhia irlandesa low-cost “não deve esperar do Ministério das Infraestruturas e da Habitação uma atitude de cooperação ou sequer de indiferença” perante o que qualifica de “sistemáticos atos hostis de ataque à TAP”.

Estas foram as mensagens passadas ao presidente da Ryanair numa reunião realizada esta quarta-feira com o ministro das Infrastruturas, de acordo com um comunicado agora divulgado, e surgem depois de declarações de Michael O’ Leary publicadas em alguns órgãos nacionais em que rejeita a acusação de estar a promover uma guerra comercial contra a TAP e outras companhias de bandeira.

Na reunião realizada a pedido do presidente executivo da Ryanair, Pedro Nuno Santos deixou claro (segundo o comunicado) que o Governo português “não aceita intromissões nem lições de uma companhia aérea estrangeira que responde apenas perante os seus acionistas”.

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Em comunicado sobre a mesma reunião, a Ryanair reconhece que Portugal tem o direito de investir na TAP, mas lamenta que os três mil milhões de euros (até agora a TAP recebeu 1.662 milhões de euros) de fundos escassos dos contribuintes estejam a ser desviados de investimentos em escolas e hospitais para subsidiar uma companhia como a TAP que descreve como “falhada” e com “preços altos”.

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A troca de argumentos surge na sequência da decisão do Tribunal Geral de Justiça Europeu que aceitou a queixa da Ryanair, anulando a ajuda de 1.200 milhões de euros dada no ano passado à TAP. Ao mesmo tempo, o tribunal suspendeu os efeitos dessa decisão até à Comissão Europeia ter oportunidade de fundamentar melhor as razões que a levaram a aprovar este auxílio do Estado, na sequência da crise pandémica.

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Reafirmando argumentos usados internamente para defender a ajuda dada à TAP com números sobre a importância da empresa para o turismo e exportações, Pedro Nuno Santos “sublinhou que é o governo português, em representação dos seus cidadãos, que, dentro do enquadramento legal comunitário, decide legitimamente as políticas públicas que entende executar, e onde e quando investir, e em que setor ou em que empresas em que é acionista deve apostar.

Não obstante considerar que o investimento  da Ryanair em Portugal “é bem-vindo” Pedro Nuno Santos realça também que a “empresa só está em Portugal porque isso lhe é financeiramente favorável. É uma questão de lucro e não um “favor” ao Estado português ou aos portugueses. A Ryanair só vem para Portugal porque é do seu interesse”. E envia ainda uma ferroada à transportadora low-cost com a indicação de que tem de respeitar a legislação laboral portuguesa que “a Ryanair teima em desrespeitar”.