O ministro português do mar e responsáveis das Nações Unidas defenderam esta terça-feira uma “nova relação” com os oceanos, durante um debate de alto nível na sede da ONU, em Nova Iorque.
O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, defendeu que uma “nova forma de interagir com os oceanos, mais inclusiva e mais conectada” é a “ambição” para 2022.
“Após o ano transformador que tivemos e agora que temos sinais de começar a sair da pandemia, temos oportunidade de efetivamente abordar a conservação e uso sustentável do oceano”, declarou Ricardo Serrão Santos.
Antes de lançar o apelo de “pôr as mãos ao trabalho” e avançar, Ricardo Serrão Santos sublinhou que Portugal foi um dos promotores iniciais da criação de um objetivo “autónomo” de desenvolvimento sustentável na Agenda 2030 dedicado aos oceanos e águas, que se materializou na adoção do objetivo número 14, de “Proteger a Vida Marinha”.
Atualmente, o país continua “muito envolvido” e ativo no processo de análise e avaliação do estado global do ambiente marinho, afirmou o ministro, adiantando que tal será atingido através das áreas de ciência, inovação, cooperação e “coordenação a todos os níveis”, capacitação e financiamento.
Na abertura do debate, parte de um conjunto de iniciativas preparatórias da Conferência dos Oceanos em Lisboa, adiada para o próximo ano devido à pandemia de Covid-19, o presidente da Assembleia-Geral da ONU, Volkan Bozkir afirmou que “a nossa relação com os oceanos do planeta tem de mudar”.
Adiantando que “não é possível” um cenário de vida sem água, o presidente da Assembleia-Geral da ONU, pediu “soluções claras, transformadoras e acionáveis”, combinação e aumento de esforços para “rentabilidade e sustentabilidade”, defendendo a “economia azul” ou “economia dos oceanos” como uma das melhores oportunidades da atualidade.
“Escolhamos chegar a Portugal com realizações e progressos que inspiram esperança e otimismo para um amanhã melhor”, declarou Volkan Bozkir.
O enviado especial do secretário-geral da ONU para as questões dos Oceanos, Peter Thomson fez um balanço positivo da mudança no comportamento e preservação da vida marinha e atividades marítimas, mas alertou que não há motivos para festejos porque a situação ainda é vulnerável.
“Comparando com águas indiferentes em que navegávamos antes do objetivo 14 [de desenvolvimento sustentável], a ação oceânica está a florescer no mundo, o progresso é tangível na consciencialização das pessoas” e as áreas marinhas protegidas estão a aumentar, tal como o conhecimento científico sobre oceanos, considerou Peter Thomson.
O enviado especial, que não pôde participar presencialmente no debate, mas falou por ligação virtual em direto à Assembleia-Geral da ONU, alertou, porém, que não há sucesso quando a sobrepesca continua a uma velocidade alarmante, existem toneladas de plástico nos oceanos e a acidificação, desoxigenação e aquecimento dos oceanos continuam.
Peter Thomson reiterou que “há muito trabalho” pela frente e que “o mundo não se pode dar por satisfeito até restaurar a relação com os oceanos para respeito e equilíbrio”.