A presidente executiva do Banco Português de Fomento (BPF) salientou esta quarta-feira que a mais-valia da instituição é assegurar “maturidade aos projetos e ao financiamento das empresas”, algo que a banca comercial “não consegue neste momento”.

“O que está e vai [continuar a] nortear a nossa função é acrescentar aquilo que a banca não consegue [fazer] neste momento, que é maturidade aos projetos e ao financiamento das empresas”, afirmou Beatriz Freitas no parlamento, durante uma audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

A presidente do BPF precisou que esta é “uma mais-valia que se consegue com produtos novos — que não existiam e que poderão passar a existir” –, quer ao nível do cofinanciamento, quer de junção entre recapitalização e financiamento.

Ou seja, olhar para uma empresa e conseguir criar soluções de financiamento e de recapitalização juntando aquilo que no passado não era possível, porque estava em sociedades financeiras diferentes, e que esta fusão [das três entidades que deram origem ao Banco de Fomento] permite levar muito mais à frente”, destacou.

Entre as falhas que atualmente existem no mercado, a responsável apontou as relacionadas com os “instrumentos de incentivos quer à inovação, quer à descarbonização ou à digitalização”, assim como “falhas ao nível de instrumentos de recapitalização”.

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“Todos os instrumentos que vêm do próximo quadro comunitário e do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] são instrumentos que estão vocacionados para serem aplicados em investimentos que sejam verdes, que visem inovação e digitalização, por isso esta é uma das nossas grandes preocupações”, garantiu.

Adicionalmente, disse Beatriz Freitas, “as questões da análise de risco que a banca faz são totalmente diferentes da análise de risco do Banco de Fomento”: “As nossas matrizes de risco têm incorporadas questões relativas não só à digitalização, mas também à inovação, que são matérias de difícil apreensão pelos nossos parceiros”, precisou.

Garantindo que o BPF está “a olhar para o país” e foi constituído “para estar junto das empresas”, Beatriz Freitas considerou também que o banco tem que “tratar as micro e pequenas empresas de uma forma diferente e mais cuidada”: “E tem sido isso que temos estado a fazer nos últimos meses”, garantiu.

Para assegurar a proximidade ao tecido empresarial, a presidente do BPF referiu que o banco está “a desenvolver não só canais físicos, mas também canais digitais, que estarão, na pior das hipóteses, no final do terceiro trimestre disponíveis para as empresas”. “Nós somos poucos — neste momento temos 125 colaboradores — e, portanto, estamos a desenvolver canais digitais para ter uma maior proximidade a todas as empresas portuguesas”, avançou.

Paralelamente, disse, “internamente, no grupo, está a ser conversada e repensada a maneira como as agências das sociedades de garantia mútua — que são a melhor forma de chegar aos empresários, porque estão espalhadas no país e existem também nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira — podem assegurar uma efetiva presença junto dos empresários, com ativos e colaboradores no terreno a fazerem o trabalho de divulgação e de ajuda e acompanhamento técnico que alguns projetos irão certamente necessitar no futuro”.

Banco de Fomento vê “com bons olhos” abertura do capital aos Açores e Madeira

A presidente executiva do BPF disse ver “com bons olhos” a entrada das regiões autónomas dos Açores e da Madeira no capital da instituição, já que lhe permitiria “alavancar mais instrumentos financeiros”. “No que concerne à participação das regiões autónomas no capital do banco, no que se refere à gestão, nós vemos com bons olhos a participação e o aumento do capital do banco pelas regiões”, afirmou Beatriz Freitas.

A responsável admitiu, contudo, que esta questão “ultrapassa” a gestão do banco, sendo “algo que deve ser decidido entre os acionistas” da instituição: o IAPMEI — Agência para a Competitividade e Inovação, a AICEP — Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o Turismo de Portugal e a Direção Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).

Mas qualquer aumento de capital do banco vai fazer com que se consiga alavancar mais instrumentos financeiros”, salientou.

Relativamente à Madeira e aos Açores, a presidente do Banco de Fomento salientou que a instituição disponibiliza já “instrumentos de capital dedicados a cada uma das regiões autónomas”, estando “agora novamente a começar a promover ‘webinars’ de divulgação destes instrumentos”.

“No que se refere à própria conceção de produtos, há uma proximidade muito grande entre o Banco de Fomento e as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Falo, às vezes mais do que uma vez por semana, com os governos regionais, não só por questões de desenho de novos produtos, mas também para resolução de alguns problemas que surgem com a [sua] implementação”, disse.

Recordando a recente assinatura de um memorando para cooperação com a Região Autónoma dos Açores, a CEO do Banco de Fomento disse ter “a certeza que já está, também, em discussão com o Governo da Região Autónoma da Madeira uma mesma medida”.

Na sua opinião, este tipo de iniciativas vai permitir ao banco “aproximar-se cada vez mais do que são as necessidades das comunidades autónomas”.