Pelo menos 138 pessoas morreram na sequência de um ataque de “terroristas” — expressão do governo local, que assegurou também que “estes crimes não vão ficar impunes” — a Solhan, uma aldeia no norte do Burkina Faso, perto da fronteira com o Níger, esta sexta-feira à noite.

Depois de inicialmente as contas das autoridades locais terem apontado para uma centena de vítimas fatais, foram várias as pessoas que entretanto não resistiram aos ferimentos e vieram a engrossar esta lista. Sem outra solução, os corpos estão a ser sepultados em valas comuns, relataram já este sábado as agências internacionais.

Este é o ataque mais mortífero desde que, em 2015, a violência jiadista começou a escalar naquele país, pela mão de grupos com ligações à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. Até ao momento nenhum grupo reivindicou o ataque que, de acordo com uma fonte local, terá visado primeiro o posto dos auxiliares do exército em Solhan e só depois os moradores da aldeia. Várias casas foram incendiadas e o mercado local também ficou reduzido a cinzas, reportou ainda a Al-Jazeera.

O presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kabore, decretou entretanto 72 horas de luto nacional e referiu-se ao ataque como um ato “bárbaro e desprezível”.

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Esta não foi a primeira vez que Solhan, aldeia a cerca de 15 quilómetros de Sebba, a capital da província de Yagha, foi atacada. No passado 14 de maio, o ministro da Defesa, acompanhado por algumas das mais altas patentes do país, esteve justamente em Sebba para garantir à população que a vida estava de volta à normalidade, na sequência de uma série de operações militares na região, versão que a correspondente da Al-Jazeera no vizinho Mali fez questão de contrariar na altura — e que esta sexta-feira se veio a revelar por demais otimista.

“Há uma crescente sensação entre muitas pessoas no Burkina Faso de que, apesar da presença de forças de segurança, a situação está a deteriorar-se”, tinha dito a jornalista Nicolas Haque há menos de um mês. Na noite desta sexta-feira, para além do ataque a Solhan, foi também atacada uma outra aldeia, também no norte do país, onde 14 outras pessoas, 13 delas civis, foram mortas.

Desde 2015, no Burkina Faso e graças à violência jiadista, meio milhão de pessoas já foram obrigadas a fugir das respetivas casas e mais de 1.300 morreram. António Guterres, através de uma declaração lida pelo seu porta-voz, juntou-se ao coro de indignação pelo ataque desta sexta-feira em Solhan. “O secretário-geral está indignado com o assassinato esta manhã cedo de mais de 100 civis, incluindo sete crianças, num ataque de assaltantes não identificados a uma aldeia na província de Yagha, na região do Sahel do Burkina Faso”, leu Stephane Dujarric, acrescentando depois que o secretário -geral das Nações Unidas “condena veementemente este ataque horrendo e salienta a necessidade urgente de a comunidade internacional reforçar o seu apoio a um dos seus membros na luta contra a violência extremista e o seu inaceitável custo humano”.