Nunca uma marcha-atrás soube tão bem aos importadores da Mitsubishi para o nosso país, como quando o construtor japonês decidiu voltar atrás na sua decisão de abandonar a prazo o mercado europeu e não introduzir novos modelos no mercado do Velho Continente. A prova surge por intermédio do Eclipse Cross, o SUV do segmento C da marca japonesa, que agora regressa ao mercado com uma nova estética exterior, um interior actualizado e, sobretudo, uma mecânica híbrida plug-in (PHEV) que o torna mais apetecível junto dos principais clientes: as empresas.

Exibindo a nova imagem de marca, que a Mitsubishi denomina Dynamic Shield, o Eclipse Cross adopta uma frente mais musculada e com personalidade, para na traseira surgir uma solução mais elegante e consensual, sem o antigo duplo vidro posterior que criou alguma polémica. Apesar do chassi ser o mesmo, o SUV está 14 cm mais comprido e tem mais 3% de bagageira, o que lhe reforça os argumentos no segmento. No interior, o destaque vai para o novo ecrã central, maior e com botões de acesso directo para facilitar o acesso a uma série de funções, bem como aos sistemas de ajuda à condução.

Novo Eclipse Cross com “alma” do Outlander PHEV

Mas o principal motivo de interesse do novo Eclipse Cross é a sua mecânica PHEV – apesar de continuar disponível a anterior geração do modelo equipada com o motor 1.5 a gasolina sobrealimentado com 163 cv, até esgotar o stock –, que é a mesma que equipa o Outlander híbrido plug-in. O motor a gasolina continua a ser o quatro cilindros com 2,4 litros atmosférico e a trabalhar segundo o ciclo Atkinson para ser mais eficiente. Contudo, no C-SUV debita apenas 98 cv, longe dos 135 cv que atinge no D-SUV.

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Mas a Mitsubishi concebe os seus PHEV de forma diferente da concorrência, pelo que o motor a combustão, sem caixa de velocidade e ligação às rodas, apenas gera energia. A locomoção está a cargo exclusivamente dos dois motores eléctricos, um por eixo, de forma a garantir a transmissão integral. A unidade no eixo dianteiro fornece 82 cv e 137 Nm, assegurando ainda a geração de energia para recarregar a bateria (impulsionado pelo motor de combustão), enquanto o motor instalado atrás debita 95 cv e 195 Nm. Estas duas unidades são alimentadas por uma bateria com 13,8 kWh, sendo este um dos poucos PHEV que pode recarregar em AC (a 3,7 kW), mas também em DC, a 22 kW, o que lhe permite ir de 0% a 80% em 4 horas, no primeiro caso, ou em apenas 25 minutos, no segundo.

A potência total é de 188 cv, com o Eclipse Cross PHEV a ir de 0-100 km/h em 10,9 segundos e a atingir 162 km/h. Mas o mais importante para usufruir das vantagens fiscais em Portugal, é o facto de anunciar um consumo médio de 2 litros/100 km em WLTP, o que equivale a 46g de CO2/km, ficando assim abaixo da fasquia dos 50g exigidos pela legislação nacional. O SUV da Mitsubishi cumpre igualmente os requisitos para usufruir das ajudas do Estado, não por reivindicar a capacidade de circular 45 km em modo eléctrico em ciclo misto, mas por o fazer durante 55 km em cidade.

32.900€ para empresas e 53.000€ para particulares

O mais recente modelo da Mitsubishi está disponível por 53.000€, um valor elevado face à concorrência – Peugeot 3008 e VW Tiguan, por exemplo –, apesar de apenas possuir versões com transmissão 4×4. Mas, para empresas, o importador propõe o que habitualmente se denomina versões fiscais, com cerca de 12.500€ de desconto, o que faz baixar o preço para 40.577€. É este valor que, para as empresas e actividades que podem recuperar o IVA, baixa para apenas 32.990€, o que alinha o C-SUV pela concorrência.

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Conduzimos o Eclipse Cross durante umas horas, as suficientes para descobrir que é classe 1 nas auto-estradas (com Via Verde), bem como os quatro modos de condução relacionados com a gestão de energia (Normal, Charge, Save e EV) e os cinco modos que gerem o comportamento (Tarmac, Gravel, Snow, Normal e ECO). Em cidade, o novo Mitsubishi pareceu-nos capaz de percorrer facilmente entre 45 e 50 km em modo eléctrico, desde que se seja gentil nas acelerações, uma vez que o SUV pesa 1985 kg. Em modo híbrido, rodámos em ciclo misto com consumos de 3,3 litros, o que nos pareceu acertado para o tipo de utilização.